“A Igreja é uma das partes deste mundo que vai existir no próximo”, diz o pastor Emilio Garofalo Neto
Com um estilo dinâmico, o pastor Emilio Garofalo Neto aborda,
no livro As Boas Novas em Rute – Redenção nos campos do Senhor, a complexidade
da condição humana através do drama do relato bíblico narrado no livro de Rute.
A obra, publicada pela Editora Monergismo, foi lançada em Caruaru na
terça-feira 22, na 2ª Igreja Evangélica Congregacional Vale da Bênção, situada
na Vila Kennedy. Na ocasião, o autor concedeu uma entrevista exclusiva a
ConTexto, na qual disserta um pouco sobre o livro e comenta acerca de novos
projetos. Confira:
Como o senhor analisa esta sua passagem por Caruaru? É uma
surpresa fazer um roteiro que inclui o interior, já que este tipo de
programação normalmente fica restrito às capitais?
De fato, fiquei muito feliz quando soube que viria ao interior.
Realmente, a maioria dos roteiros envolve as capitais, não somente em
Pernambuco, mas em todos os outros estados. Eu fiquei feliz em poder vir a
Caruaru, mas fiquei triste por ter sido tão rapidinho. Cheguei agora à noite e
só estou vendo a cidade no escuro. Queria poder ver melhor Caruaru. Quem sabe
em outra oportunidade.
Em seu livro As Boas Novas em Rute – Redenção nos campos do
Senhor, é feita uma analogia entre a história da Salvação e o livro de Rute,
que normalmente é utilizado nos púlpitos para abordar temas referentes a
relacionamentos. Como o senhor encontrou este mote para o livro?
De fato, há muito o que se aprender no livro de Rute sobre
relacionamentos, masculinidade, feminilidade. São temas do livro, de fato.
Agora, o próprio Senhor Jesus nos ensinou que todo o Antigo Testamento é, de
uma forma ou de outra, acerca dEle. Eu
não estou ‘inventando’ isto agora. Tem vários outros comentaristas e estudiosos
que mostram a importância da história de Rute não somente como a narrativa
bonita sobre um casal, mas também sobre a história da redenção. A Bíblia nos
mostra que havia um mistério oculto que é revelado no Novo Testamento: a
inclusão dos gentios no pacto. Mas a Bíblia nos mostra que mesmo na história da
redenção, antes da vinda de Cristo, a gente já tem alguns exemplos de pessoas
de outros povos, pela Graça do Senhor, sendo incluídas na aliança. O livro de
Rute mostra uma dessas histórias. Mostra Rute, uma moabita – com todas as
dificuldades envolvidas nisso – vivenciando uma fé verdadeira e fazendo parte
do povo de Deus. No Novo Testamento, esse movimento é apresentado em grande
escala, é gente que não nasceu no povo de Israel, mas é pela graça incluído no
verdadeiro Israel, que é a Igreja.
O senhor também, ao longo do livro, compara o trecho em que
Elimeleque sai de Jerusalém para Moabe (Rute 1:1) com a Igreja, quando um
cristão abandona a comunhão. De que forma o senhor analisa a importância da
Igreja para os tempos de hoje?
Eu creio que a Igreja é essencial. A Igreja é uma das partes
deste mundo que vai existir no próximo. O povo do Senhor, de todas as línguas,
tribos e nações, reunido. Um grande povo que Deus está reunindo para que possa
existir em um novo céu e uma nova terra. Então, quando a Terra for refeita e
tudo o que for pecaminoso destruído, esse povo será revestido de incorruptibilidade
e habitará esta nova Terra. Eu entendo que é essencial para o cristão
participar do povo de Deus, estar na comunhão local, a analogia paulina do
corpo é muito séria, muito importante. Muitas vezes, há cristãos que se julgam membros
que não precisam do corpo e acabam sendo membros que não recebem irrigação do
sangue, não servem nem são servidos. A Igreja é muito importante, é a Noiva
eterna do Senhor.
Após o pecado, o ser humano ficou em uma condição, digamos
que, de debilidade – se o termo não for um eufemismo. A Igreja pode ser um ‘suporte’
que equilibra esta debilidade do ser humano?
Sem dúvida. De fato, debilidade é um eufemismo. A Bíblia
fala em morte espiritual. Para aqueles que foram trazidos da morte para a vida,
que morreram com Cristo e foram ressuscitados com Ele – como diz em Colossenses
3 –, esses são chamados a viver no corpo de Cristo, em união a Cristo,
suportando uns aos outros. A Bíblia usa essa terminologia: “suportando uns aos
outros”, ou seja, apoiando uns aos outros. Então, a forma do cristão crescer é
no contexto do corpo, onde somos instados a desenvolver nossos dons e talentos.
É no contexto do corpo onde outros irmãos, que receberam dons e talentos
diferentes dos nossos, nos servem. Nós não podemos dizer para outra parte: “Não
preciso de você”. Então, em nossa caminhada até o céu, precisamos do corpo do
Senhor, apesar dos seus erros e dificuldades.
Além do livro ‘As Boas Novas em Rute’, o senhor está produzindo
uma obra que fala em futebol... como é este projeto?
Eu estou lançando outro livro, que deve sair antes da Copa,
se tudo der certo. Um livro onde eu faço uma análise teológica sobre o futebol.
Não é um livro vendo apenas as coisas boas ou as coisas ruins, mas é um livro
onde tento entender como não só o futebol, mas também jogos e brincadeiras, são
coisas que estão no coração humano. Eu tento apresentar algumas razões
criacionais porque isso acontece e também mostro como o pecado se enrosca em
todos os tipos de coisas. Tento mostrar, ainda, como nós buscamos nos esportes
e em outras coisas aspectos da redenção que nós só encontraremos em Deus. Então,
é uma forma de tentar analisar diversos aspectos do futebol à luz da Palavra de
Deus. Este será o segundo livro que lançarei, o primeiro foi o de Rute, mas
tenho muitos artigos publicados na internet.
Como o senhor analisa a importância de haver produções
literárias e teológicas brasileiras? Normalmente, o brasileiro consome muitas
produções estrangeiras. Na sua opinião, têm sido abertos os espaços para pensar
em uma teologia efetivamente brasileira?
Vamos definir alguns termos. Eu entendo que a gente não deve
falar em uma teologia brasileira no sentido de uma teologia culturalmente
determinada. É claro que nossa cultura influencia nossa teologia, mas a gente
pode aprender de homens do norte da África, como Agostinho, que viveu há 1.500
anos, assim como de homens que viveram 500 anos atrás na França e na Alemanha,
há 200 anos nos Estados Unidos, e de homens que vivem hoje em todos os lugares
do mundo. Então, se a teologia está vindo das Escrituras, ela é proveitosa,
independente de quem a fez. Dito isto, creio que, sim, é uma alegria ver que no
mercado editorial brasileiro há muitos bons escritores brasileiros fazendo
teologia a partir das Escrituras, usando a Bíblia para entender o mundo e
entender o que Deus revela sobre Ele mesmo e o que Ele espera sobre nós. Assim vejo,
não só na Editora Monergismo, mas em várias outras boas editoras excelentes
obras de autores brasileiros.
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