
1)
Durante as sangrentas revoluções europeias de
1820, 1830, 1848, 1871 e 1917-18, foi chamada de esquerda a força ideológica e política que em nome do socialismo
atacou violentamente o Governo limitado, o capitalismo e a prosperidade, a
ética aceita socialmente (“victoriana”) e as instituições tradicionais:
matrimônio, família e religião. Nestes trágicos massacres os socialistas
assassinaram aldeias completas de pessoas, e dizimaram povos e vilas, e bairros
ou setores inteiros em muitas cidades. A esquerda não tem prudência na hora de
exterminar!
2)
“Direita”
foi o nome dado então à muito heterogênea aliança de fatores sociais,
econômicos, religiosos, militares e políticos que reagiram (“reacionários”)
resistindo com vigor e firme determinação às esquerdas: elites urbanas, classe
média das vilas ou burgos (“burguesia”), igrejas, exército, monárquicos
(constitucionais e absolutistas) e os tradicionalistas e conservadores. E
liberais. Porém também mercantilistas. Porém já no século XX, desde as
revoluções mexicana (1911) e russa (1917), as direitas se perderam em
nostalgias românticas e defesas de privilégios e foram incapazes sequer de
conter as esquerdas.
3)
E dois tipos de facções ultrassocialistas emergiram:
as do fascismo e nacional-socialismo e as do comunismo ou socialismo
internacionalista (“proletário”). As segundas acusaram falsamente as primeiras de
“direita” (“extrema!”). Porém não houve grandes diferenças; somente luta por
poder. Sejam as camisas vermelhas, pretas ou pardas, os seus “êxitos” foram os
mesmos: fome, miséria, opressão, guerras sem fim, campos de concentração,
torturas, morte e sofrimentos. Balas e Sangue. Pol Pot e Che Guevara.
4)
Embora depois de 1945 se foi impondo o
demo-socialismo de camisa branca, em suas edições escandinavas, anglo-saxônicas
– trabalhismo ou new deal – ou a francesa, árabe, sionista, íbero-americana,
negras, terceiro-mundistas etc. Tampouco houve muitas diferenças e não muito
melhores foram os frutos observados:
- estatismo: Estado intervencionista, ineficiente e
parasita;
- gasto público sem limite, com impostos exorbitantes e em
muitos casos astronômicas dívidas estatais;
- degradação da moeda e inflação dos preços e com alto
desemprego;
- regulações paralisantes e anticompetitivas, com
improdutividade e ineficiência nas empresas privadas;
- insegurança nas ruas, injustiça nos tribunais e corrupção
galopante;
- e por último, mas não menos destacável: medicina e
educação politicamente subordinadas aos Governos e de qualidade muito pobre e
aposentadorias e pensões indignas e miseráveis.
Conclusão 1: se
esquerda é o senhorio do Governo sobre todas as pessoas e entes privados, a
deterioração da lei e da justiça independente, a divisão estatal da propriedade
alheia, e a destruição da família, então ser de direita não é necessariamente pecado,
delito ou desonra.
Está certo que a direita mercantilista favorece os
privilégios, injustos e imorais. Porém a direita cristã e liberal – não mercantilista
– sustenta a propriedade privada contra as expropriações, invasões, roubos e
sequestros; afirma a lei e a ordem contra o crime e a anarquia; apoia o
trabalho, o desenvolvimento, a inversão e a produção contra o distribucionismo
populista, e a criação de riqueza contra a pobreza, e a família contra sua
degradação e desaparecimento. Nada de mal.
Conclusão 2. Os
remédios aos erros, desmandos e crimes da esquerda procedem da direita. Porém
quando é mercantilista e antiliberal não são eficazes, então a esquerda
ressurge, como castigo à direita indolente, ineficaz e inoperante.
Conclusão 3.
Insultante deve ser considerada a palavra “esquerda”, por seus fracassos, tão
evidentes e óbvios, que agora o socialismo, embora que mantendo sua essência,
decidiu abandonar o leninismo e até o marxismo como fundamento “científico”, e
trocou Lenin por Gramsci, e já não é proletário senão de classe média. Tampouco
é racionalista nem ateu, diz ser cristão ou islâmico e em todo caso “espiritual”,
solidário e “inclusivo”, ecológico, feminista, étnico e anticonsumista. Apela
não para a razão mas para a emoção e sentimentos. E exceto pelo anti-EUA já não
é nacionalista, agora vai de mão com o Governo Mundial (ONU) e o estatismo
globalizado.
5)
E o “centro”?
É a tentativa de esconder-se em uma fórmula de compromisso, na prática sempre
estadista, muito menos que ótima e intrinsecamente instável. Ou é um
subterfúgio para evitar a definição.
Alberto Mansueti é um advogado
e cientista político. Este é um trecho do seu livro “Las Leyes Malas (y el camino
de la salida)”, publicado na Guatemala em 2009, traduzido livremente por
ConTexto.
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