Como é normal, todos partem para o casamento com sonhos,
ideais de uma vida feliz para sempre! No entanto, com o passar dos dias, meses
e anos, começam a enfrentar a dura realidade da descoberta do outro com seus
defeitos, manias, e até mesmo neuroses de estimação. Ao enfrentar esta dura realidade,
os sonhos se desabafam e as fantasias se transformam em desilusões! Que fazer?
Providenciar a separação? Deixar-se vencer? Perder a esperança de uma
restauração? Absolutamente, não! Aliás, jamais devemos nos curvar diante de uma
realidade sem que tenhamos tentado conscientemente todas as saídas e soluções.
Que fatores podem se tornar construtivos para melhorar, curar, restaurar o
relacionamento conjugal?
Um primeiro fator
construtivo para melhorar o relacionamento conjugal tem a ver com o crescimento
emocional em conscientizar-se de que pessoa alguma pode satisfazer a todas as
necessidades de outrem. É verdade que na qualidade de seres humanos
possuímos necessidades psicológicas de atenção, estima, valorização, respeito e
amor. Tanto o marido quanto a mulher devem tomar consciência da existência
destas necessidades e na medida do possível buscar satisfazê-las mutuamente. No
entanto, ficar no isolamento ou no pedestal esperando que o outro satisfaça a
todas as suas necessidades, nada mais é do que uma atitude infantil, egoística,
presentes numa “criança grande”. Não espere que apenas o outro satisfaça as
suas necessidades, vá ao seu encontro e expresse o amor em palavras e atitudes.
Faça a sua parte. A Bíblia diz que “o amor não busca seus próprios interesses”.
Um segundo fator
construtivo para melhorar o relacionamento conjugal tem a ver com o
reconhecimento de que ao invés de esperar que nossas necessidades sejam
satisfeitas, devemos buscar satisfazer a do outro. Na medida em que
crescemos emocionalmente, tornamo-nos menos exigentes, duros, prepotentes,
egoístas, e mais prontos, interessados e sensíveis em relação às necessidades
do outro. Ao invés de perguntar: Como posso ter minhas necessidades satisfeitas
no meu casamento? Deve-se perguntar: Quanto de amor posso expressar ao
satisfazer as necessidades da pessoa com quem me casei? Uma fórmula salutar
para evitar frustrações ou decepções em relação ao cônjuge deve ser esta: “Não
espere muito das pessoas à sua volta; quer sejam parentes, filhos ou seu
próprio cônjuge. Tome a iniciativa de amar, fazer o bem, sem uma expectativa de
recompensa”. Na medida que cada um, como cônjuge, marido ou mulher, tornar esta
fórmula numa realidade a nível de experiência pessoal de vivência, então,
muitas dificuldades vão ser sanadas no relacionamento a dois. Se tratar de
casais cristãos, uma vida controlada, submissa ao Espírito Santo, vai refletir
o amor de Deus, pois o Espírito Santo derrama o amor de Deus em nossos
corações. Este amor é o amor ágape, é o amor para além, que independe do valor
do objeto amado.
Um terceiro fator
construtivo para melhorar o relacionamento conjugal diz respeito à coragem de
assumir a culpa dos próprios erros, ao invés de lançá-los sobre o outro.
Quando uma pessoa não assume a sua própria culpa, tende a transferi-la para
outras pessoas, para a sociedade, para a família ou para o próprio cônjuge.
Quem não assume sua própria culpa busca inevitavelmente, um “bode expiatório”,
isto é, alguém para levar a culpa em seu lugar. A Palavra de Deus nos mostra
que um dos meios de recebermos a misericórdia divina, é reconhecermos nossa
própria culpa. “Pela misericórdia, e pela verdade se expia a culpa, e pelo
temor do Senhor os homens evitam o mal” (Prov. 16:6). A verdade a respeito de
si mesmo, gera misericórdia e mais expiação de culpa. Todavia, enquanto não
reconhecemos nossa própria culpa diante de Deus, do próximo e nós mesmos, nosso
sofrimento vai aumentando em escala crescente. A maturidade começa dentro de
nós mesmos quando cessamos de culpar os outros, racionalizar, e aceitamos a
responsabilidade dos nossos próprios erros e buscamos uma mudança real de
dentro para fora.
Um quarto fator
construtivo para melhorar o relacionamento conjugal consiste em abrir espaço
para uma comunicação honesta e franca com o outro. É possível falar a
verdade com o outro em amor. “Falar a verdade em amor é uma solução melhor do
que colocar a verdade para fora, de modo que venha a ferir”. Na Palavra de Deus
há princípios os mais diversos, a respeito da comunicação, no entanto,
permanece o fator de que a verdade deve ser sempre em amor. “Pelo que deixai a
mentira, e falai a verdade cada um com o seu próximo, pois somos membros uns
dos outros” (Ef. 4:25). A mentira afasta, a verdade nos aproxima. O Senhor
Jesus foi bastante claro a este respeito: “Seja, porém, o vosso falar: Sim,
sim; Não, não; pois o que passa daí, vem do maligno” (Mt. 5:37).
Graças a Deus que existem fatores construtivos para melhorar
o relacionamento conjugal, na medida em que houver a disposição de marido ou
mulher em vivenciá-los em sua experiência pessoal. Esses fatores dizem respeito
ao crescimento emocional, à busca de satisfazer as necessidades do outro, à
coragem em assumir seus próprios erros e à sensibilidade em abrir espaço para
uma comunicação verdadeira em amor.
Manoel Nascimento é
pastor e psicólogo. Este é um trecho do livro ‘A família no plano de Deus’,
publicado em Caruaru-PE em 1993
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