Nada de religiosidade. A criação do mundo é ciência pura. É
isso o que afirma o pesquisador Adauto Lourenço, mestre em Física
pela Clemson University, nos Estados Unidos, que esteve em Caruaru recentemente
ministrando um seminário sobre esse assunto. Portanto, ele defende que as
hipóteses evolucionistas e criacionistas estejam presentes na abordagem sobre a
origem do universo em sala de aula. Vale lembrar que o evolucionismo é o
pensamento científico cuja argumentação é que as características biológicas das
espécies de seres vivos passam por um processo dinâmico – denominado evolução
–, no qual apenas permanecem vivos os organismos mais preparados para as
imposições do ambiente. Já o criacionismo interpreta que as espécies foram
criadas prontas e infere uma inteligência superior nesse processo.
Lourenço tornou-se criacionista após perceber contradições na proposta evolucionista. |
Citando o professor Jônatas Machado, da Universidade de
Coimbra, Adauto Lourenço declara que “não é função da Ciência tentar
provar como o Universo e a vida teriam vindo à existência espontaneamente, mas
sim como o Universo e a vida vieram à existência”. “Espontaneamente pode ser
uma das respostas, mas não a única”, diz o pesquisador. “Com a consciência de
que a função das escolas é ensinar o conhecimento científico, elas deveriam
ensinar tanto o Criacionismo científico quanto a proposta Evolucionista, desde
que as duas estejam devidamente amparadas, baseadas em propostas científicas”,
complementa.
A Ciência estabelece que o Universo e a vida são formados
por matéria e energia. Entretanto, o criacionismo aponta um terceiro elemento –
a informação – como fundamental para a origem da vida. Assim sendo, o código
genético no DNA é entendido como um sequenciamento de origem inteligente e não
oriundo de aleatoriedades. Essa conclusão baseia-se em uma técnica que propõe
cinco áreas de avaliação de informações, para definir se a mesma tem
procedência natural ou mental – a saber: estatística (número de símbolos),
sintaxe (sequenciamento dos símbolos), semântica (conteúdo da sequência dos
símbolos), pragmática (ação esperada) e apobética (resultado esperado). Essa é
a mesma técnica utilizada pelo instituto SETI (Search for Extra Terrestrial
Intelligence), órgão responsável por pesquisas sobre a existência de vida
inteligente fora da Terra.
Adauto Lourenço testifica que foi evolucionista durante
cerca de 20 anos. Entretanto, mudou de opinião após encontrar “contradições”
nos fundamentos do evolucionismo darwinista. Segundo ele, uma dessas
“contradições” está expressa no capítulo ‘Luta pela vida e equilíbrio das
populações’, publicado no livro ‘A origem das espécies’ (1859), de Charles
Darwin. Em um trecho da obra, o naturalista britânico afirma que a face da
natureza terrestre permaneceu uniforme durante longos períodos de tempo, para
que a Evolução pudesse acontecer. “Isso não é verdade. Temos no planeta marcas
de quedas de meteoros, marcas de vulcanismo extremas, que produziram desvios,
alterações radicais no planeta em um curto espaço de tempo. Segundo Darwin,
isso não poderia ter ocorrido”, aponta Lourenço.
A outra “contradição” refere-se à afirmativa de Darwin,
registrada no mesmo livro, na qual ele assume que se houvesse algum órgão
complexo que não tenha sido provavelmente formado por pequenas, numerosas e
sucessivas modificações, a teoria darwinista simplesmente cairia por terra. “A
salmonela, que é uma bactéria, possui um motorzinho que possui 40 partes proteicas
funcionais. Se uma parte não estiver presente, o motor não funciona. Não existe
uma maneira de explicar como esse motor teria surgido por meio de pequenas,
sucessivas e numerosas modificações. Ou seja, ou o motor foi criado pronto, ou
não há outra explicação”, cita Lourenço. “Esses são alguns dos exemplos que
mostram que a teoria de Darwin está errada. Então, o evolucionismo darwiniano,
nós sabemos que está com os dias contados”, sentencia.
Ele salienta que há uma clara distinção entre o criacionismo
científico e o criacionismo religioso. “O criacionismo científico trata
exclusivamente da seguinte questão: se processos naturais, as leis da Natureza,
teriam trazido no universo a existência da vida ou não. Ele não se preocupa com
a existência de Deus”, define, explicando que o cerne do criacionismo religioso
é apregoar que uma “suposta divindade” teria trazido o universo e a vida à
existência.
Implicações
Desde quando foi concebido, no século XIX, até os dias de
hoje, o Evolucionismo de Darwin rompeu os limites da Biologia e influenciou
ciências como Sociologia, Filosofia, Antropologia, Matemática, Medicina,
Química, História e Linguística. Para o pesquisador Adauto Lourenço,
as implicações evolucionistas permeiam a sociedade hodierna, sobretudo no que
concerne ao pressuposto de que o organismo que permanece é o melhor capacitado.
Portanto, ele acusa o evolucionismo de não se preocupar com o equilíbrio do
mundo. “O negócio era produzir, fazer, e o meio ambiente foi, simplesmente,
jogado às traças, por causa da ideia de que processos naturais iriam fazer com
que a coisa se adaptasse”, aponta. Como no Evolucionismo o homem é definido
como um animal, o pesquisador opina que a noção de humanidade foi se
desvanecendo ao longo do tempo, gerando males sociais. “Eu creio que muito
disso pode ser atribuído, sem medo de errar, à essa expressão do Evolucionismo
nas muitas áreas do pensamento da sociedade”, aponta.
Segundo Lourenço, o ensino criacionista desemboca na busca
de uma sociedade mais justa e igualitária. “O processo de criação mostra
funções diferentes, não posições diferentes. Ou seja, seres humanos têm uma
função no planeta, do mesmo jeito que animais e plantas também têm uma função
no planeta. É esse equilíbrio entre seres humanos, animais, plantas, e a estrutura
do próprio planeta que deveria ser preservado”, observa. Ele também destaca que
essa cosmovisão valoriza o indivíduo, que, por compreender que possui uma
função no sistema, não se sente “descartável”, mas assume o papel de ser
humano. “O Criacionismo sugere um padrão de vida muito melhor, não somente a
curto prazo, como a longo prazo, devido às atitudes que brotam das implicações
filosóficas desse pensamento científico”, conclui Adauto Lourenço.
Texto e foto: Jénerson Alves
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