Como é possível a alguém descobrir sua
vocação?
Acredito
que em primeiro lugar é desenvolvendo um relacionamento duradouro e estável com
Aquele que vocaciona. Eu não posso descobrir a minha vocação se não escuto a
voz de quem vocaciona, se não desenvolvo um relacionamento diário, onde eu
converso, falo e Ele me escuta, e claro, onde também fico em silencio para
ouvir a voz do Mestre.
Segundo,
seria descobrir o que se gosta de fazer. É importante se conhecer, saber quem
é, onde está onde quer chegar, quais as habilidades, dons, hobbies e etc. Acho
que o autoconhecimento do vocacionado também é muito importante em qualquer
decisão.
Não
menos importante, o que os outros dizem sobre você. Deus confirma através da
comunidade local qualquer tipo de vocação, por isso, é muito importante escutar
o que as pessoas dizem sobre o que elas veem, porque vemos que Deus fala à
igreja quando Ele separa pessoas para vocações específicas.
Qual a diferença entre ‘ministério’ e
‘profissão’?
A
diferença está no servir. Eu posso ser um bom profissional sem servir a
ninguém, mas eu não posso exercer um ministério que não exija serviço.
O
ministério é algo que transcende, a profissão é algo transitório, o ministério
é algo que doa, a profissão é algo que recebe.
O
ministério é ilimitado, a profissão é limitada.
A atividade religiosa não deveria contemplar
remuneração nem direitos?
A
bíblia nos ensina que o obreiro é digno do seu salário. A remuneração ou os
direitos recebidos por um vocacionado não devem ser encarados como um salário
em contrapartida a um serviço prestado, mas, como um reconhecimento de que o
vocacionado que integralmente se dedica ao ministério tem necessidades, assim
como a sua família, que necessitam de ser supridos pela comunidade local.
O
grande problema é quando se usa a remuneração ou os direitos como fator de
tomada de decisão quando para se exercer o ministério, ou ainda, quando se
exige de comunidades na justiça, ou mais ainda, no Brasil evangélico atual,
quando os seguidores são extorquidos por líderes religiosos para aumentarem a
receita da igreja e receberem comissão por isso.
É possível a um cristão cumprir a obra de Deus
atuando em um trabalho secular?
Sim,
com certeza. Na cultura do céu não existe trabalho secular, todo trabalho é
sagrado desde que façamos com amor e para glória de Deus. Em qualquer trabalho
o cristão deve agir para agradar a Deus e isso vai fazer toda diferença pois
independente da atividade o trabalho será para Deus, e Deus será louvado por
meio dele.
Trabalho
secular é quando tiramos Deus da jogada e agimos como se ele não existisse em
nosso trabalho e em nossa vida. Deus habita em nós em qualquer lugar que
estamos, por isso, quer comamos, bebamos, trabalhamos ou façamos qualquer coisa
tudo deve ser para glória de Deus.
O Novo Testamento fala sobre cinco dons
ministeriais (pastor, evangelista, profeta, apóstolo e mestre). Na sua opinião,
esses dons ainda estão em voga nos dias de hoje? Em que consistem?
Na
minha opinião os dons citados ainda estão em voga, a exceção do dom de
apóstolo, neste caso como podemos verificar nas palavras do próprio apóstolo
Paulo, esse foi um dom temporário concedido aqueles que especificamente foram
selecionados para ter contato com o mestre, especialmente após sua
ressurreição. Esse grupo que também incluía o apóstolo Paulo detinha
autorização pessoal de Cristo enviando-os pelo mundo como representantes desse
Reino. Esse dom ainda desperta muita curiosidade quando o entendemos como
temporário e restrito.
Os
outros quatro dons, podemos vê-los em ação em qualquer igreja séria que prega o
evangelho genuíno, que são: o de pastor, que está mais ligado a administração,
governança da comunidade; o de mestre, que envolve o ensino e a capacidade de
ensinar; o de evangelista, que envolve a pregação da palavra e a profecia em
si. Além do dom de profecia, que está ligado a profecias, e eu particularmente
acredito nele, mas que tem sido mal utilizado, ou utilizado para perverter, uma
vez que falta conhecimento nas pessoas do significado e papel de um profeta,
desde lá no Antigo Testamento, quando os profetas se levantavam como voz de
Deus para pregar contra injustiças econômicas, sociais e religiosas, sem se
importar a quem vai doer ou o que acontecerá com a sua vida. O que na verdade
vemos hoje não são vozes proféticas, são pessoas tentando adivinhar o futuro
das outras.
Há, no ambiente religioso, principalmente
entre pastores, a reflexão sobre vocação integral (referente a dedicação
exclusiva ao ministério) e/ou ministros bi vocacionados (que também atuam no
contexto secular). Qual sua opinião sobre este assunto?
Baseado
na Bíblia podemos identificar os dois modelos, inclusive o próprio apóstolo
Paulo em determinado momento exerce uma bi vocação, fazendo tendas, e em outro
momento, depende de forma mais integral de ofertas. Acredito que esse ponto é
bem particular a cada vocacionado, e, lugar onde o mesmo irá servir. Tem
situação que exige um vocacionado de tempo integral e tem situação que o bi
vocacionado alcança um êxito maior. Por isso, cada caso deve ser analisado
levando em consideração o vocacionado. Pois, também creio nos dois tipos de
vocação andando lado a lado no Reino de Deus, coexistindo sem prejuízo ou
exaltação para nenhuma das duas.
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