Durante muitos meses de 1897 os cultos em Caruaru
continuaram bastante assistidos.
Tanto foi assim que houve necessidade que
ocorressem mais reuniões, ficando uma aos domingos, às 11 horas, e outra nas
quartas-feiras, às 19 horas, sendo este encontro era dirigido em parte para
homens e em parte para mulheres.
Entretanto, os ataques ao movimento não tardaram. Dona Ida
escreveu em 20 de outubro daquele ano que “Umas três semanas atrás nos
assustaram, jogando pedras pelas janelas, e agora o povo tem medo de vir”,
razão pela qual os cultos foram suspensos. Mas ela, mesmo em meio à dor,
permaneceu firme naquilo que acreditava ser a vontade do Senhor para Caruaru:
“Sinto que dentro em breve nosso Deus há de levantar uma igreja neste lugar; o
começo parecia tão perto antes desta confusão” .
O presbítero Manoel Andrade, da Igreja Pernambucana,
informou em carta publicada pelo jornal O Cristão em 23 de novembro de 1897 que
os responsáveis pelas perseguições ao trabalho de Kingston e Ida eram o médico
e o vigário de Caruaru.
Parte da perseguição incluía a difamação dos missionários,
atribuindo-lhes a culpa pela morte de quatro mulheres, como consequência dos
remédios ministrados por Kingston, e divulgando que seus livros eram
envenenados e por isso deveriam ser queimados, além de outras coisas
equivalentes. “Também espalharam”, conta Andrade, “que o inglês tinha posto o
nome de um doente no livro e que depois o tinha dado a Satanás, lançando o
Inimigo esse indivíduo no inferno” .
Em fins de 1897 as perseguições mais abertas cessaram e os
cultos foram retomados, voltando a ocorrer duas reuniões aos domingos. Ainda
permaneciam animosidades, embora mais discretas, a exemplo de um padre que
conseguiu queimar Novos Testamentos de duas famílias.
Nada obstante, o evangelho continuava sendo pregado e ouvido
por número significativo de pessoas. Notável é a descrição dos últimos cultos
daquele ano, escrita no relatório de dezembro pela senhora Ida: “NO DIA 25...
ÀS 17.00 HORAS TIVEMOS UM CULTO. UMAS QUARENTAS PESSOAS COMPARECERAM... No
domingo depois do Natal tivemos boas reuniões, com mais pessoas no culto do que
antes da perseguição” .
Ary
Queiroz Jr. é pastor da 1ª IEC de Caruaru. O texto é adaptado do livro "Caruaru Cem Anos de Luz", do Rev.Marcos
Quaresma e da Profa. Dra. Joyce Clayton
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