Entre os anos de 1899 e 1901, Caruaru não contou, senão
esporadicamente, com a presença de missionários. Kingston e Telford (outro
obreiro da “Help for Brazil”) mantiveram correspondência com crentes
caruaruenses e fizeram visitas pontuais, quase sempre sob forte oposição de
turbamultas ensandecidas.
Uma carta de Telford de 11 de outubro de 1901 informou sobre
uma visita de Kingston que lhe resultou em golpes de cassetetes, não vindo a
morrer no ataque somente por haver conseguido fugir e se esconder na mata sob a
noite escura. Telford ressaltou que um “homem atirou [em Kingston], mas a bala
passou de longe”.
Na mesma carta, Telford narrou uma vinda sua a Caruaru, para
ser recepcionado com semelhantes ameaças e má disposição por parte das
autoridades em prover segurança, ao argumento de que o número de policias era
reduzido e o presídio estava cheio. Nada novo debaixo do sol!
Por outro lado, todas as notícias da época davam conta do
progresso do evangelho na cidade. Kingston escreveu no Boletim da missão de
fevereiro de 1899 sobre o “NOSSO PEQUENO GRUPO DE FIEIS”, no qual se incluíam
crentes humildes, mas cheios de entusiasmo e desejo de conhecer a Bíblia e
pregá-la aos seus amigos e familiares.
Nesse Informativo, o missionário não se esqueceu de informar
sobre um homem analfabeto que abriu sua casa para receber a visita de um jovem
que lia as Escrituras para ele e sua família. Há menção também de outro senhor
de uns quarenta anos de idade, pai de uma família numerosa, além de outro jovem
que sofreu muita perseguição pela fé que abraçou.
Outro crente humilde, chamado
José dos Santos, foi um líder da pequena igreja que despontou na ausência dos
missionários.
Em carta publicada em julho de 1901 no Boletim da missão,
noticiou-se a respeito de “um número de pessoas interessadas na Bíblia” e
relatou-se ainda que após um censo realizado na cidade, embora o nome
“protestante” fosse odiado, “ALGUNS SE DECLARAM PROTESTANTES – são pessoas que
nunca fizeram confissão pública de sua fé antes”.
Na carta de Telford antes referida, esse missionário cita
alguns crentes pelo nome, a exemplo de um “jovem” chamado Pedro e um “jovem
senhor” da “aldeia chamada Cedro” de nome José, o José dos Santos. Mencionou
também uma “jovem professora” que terminou o noivado por causa da exigência do
noivo para que ela “cortasse seus vínculos conosco e com os crentes”.
A carta de Telford termina com sua impressão sobre a obra de
Deus em Caruaru: “tenho certeza que Deus está abençoando” .
Ary
Queiroz Jr. é pastor da 1ª IEC de Caruaru. O texto é adaptado do livro "Caruaru Cem Anos de Luz", do Rev.Marcos
Quaresma e da Profa. Dra. Joyce Clayton
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