Por longas décadas o mundo viveu sob a égide de sistemas
políticos ditatoriais e totalitários que tolheram direitos individuais e a
livre expressão. Alguns destes chegaram ao término, todavia, a custa de muitas
mortes e trazem consequências trágicas mesmo anos após. A sociedade se
transformou e permanece incansavelmente na busca de tão discutida liberdade.
No Brasil, especificamente no âmbito político, Ministérios e
Secretarias Especiais discutem ações conjuntas e efetivas, sobre as quais
alegam promover e instituir o respeito e a isonomia. Um dos mecanismos adotados
e incentivados pelo Governo Federal diz respeito a publicação da cartilha
“Politicamente Correto e Direitos Humanos”. Esta fora publicada como uma
fantasia carnavalesca desfilando no sambódromo, revestida de beleza e boas
intenções, contudo, na prática se enxerga que apenas tem por finalidade impor
uma ditadura disfarçada e dista da finalidade carnavalesca de espalhar alegria.
Promover o respeito é imprescindível para que haja uma convivência
saudável entre todos os indivíduos de uma dada sociedade. Respeitar a raça, o
credo, o sexo, as concepções filosóficas e políticas de quaisquer indivíduos é
dever de todos, no entanto, não se pode admitir que inflamados pelo ódio e com
discursos separatistas, certos grupos recebem privilégios em detrimento de
outros e se instaure uma segregação “às avessas”.
Os adeptos dessa ideologia acusam seus opositores de
exercerem justamente aquilo que impõe com ares de harmonia: a segregação, o preconceito
e o ódio. Cobrem-se de um discurso em defesa das minorias, os quais possuem
respaldo constitucional de proteção, todavia o que na prática vislumbra-se não
é a defesa de um direito, mas a imposição de privilégios.
Criam-se castas sociais e fazem uso de um discurso vitimista
que acaba por produzir mais ódio a combatê-lo, tão pouco concretizar os
objetivos cuja retórica inflamada professa. O racismo deve ser combatido e
punido com toda força da lei, de igual modo a agressão às mulheres, aos
homossexuais e qualquer individuo, contudo vale salientar que a violência é
democrática e atinge a todos indiscriminadamente, por isso não se deve punir o
agressor com menos severidade porque a vítima está fora do rol dos protegidos
pelo politicamente correto, essa prerrogativa já é por si um mau.
Analise-se que para justificar a redoma que certos grupos
são postos inventa-se até mesmo dívidas, crimes e dados jamais comprovados. A
exemplo, o feminicídio, que se embasa na misoginia, porém a maior parte dos
crimes arrolhados nessa tipificação penal são praticados por homens que
mantiveram relações com mulheres, descaracterizando a repulsa contra uma mulher
pelo simples fato dela ser mulher, assim o fosse não teria ocorrido jamais um
prévio contato entre agressor e vítima. A punição deve ocorrer e com muita
austeridade, mas não carece de respaldo em contos fantasmagóricos nos quais se
inventa uma patologia que justifique outra insanidade, além de serem analisadas
meramente pelos estudiosos das ciências sociais não são comprovadas pelas
ciências naturais.
O novo cenário desenhado pelo politicamente correto traça
liames acerca dos temas que poderão ser abordados e quais posicionamentos
poderão ser ditos e/ou reproduzidos. Vive-se o slogan de “o meu malvado
favorito”, pode-se praticar as piores atrocidades, mas desde que façam parte de
meu time estará justificado, e ainda haverá quem busque respaldo com ares de
intelectualidade, pois os fins justificam os meios. Estas imposições corroboram
com a tese de que esta política é sim um regime totalitário e ditatorial que
disfarçadamente dissemina o medo, o ódio e anseia privar os cidadãos de
liberdade.
Amanda Rocha é professora
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