O PT passa por um processo de “despetização” no segundo
turno. Para ganhar uma eleição em que o antipetismo e a defesa de valores
conservadores deixam Jair Bolsonaro cada dia mais perto do Palácio do Planalto,
o Partido dos Trabalhadores pintou o vermelho de verde-amarelo, escondeu Lula e
levou Haddad e Manuela à igreja para fazer campanha. No horário eleitoral,
Haddad é apresentado como pai de família, neto de líder religioso, casado há 30
anos com a mesma mulher.
Gustavo Nogy aponta o efeito reverso que a despetização pode
causar no eleitorado raiz do PT: "Com que cara, agora, todos os eleitores
de esquerda apontarão dedos contra o ‘homem de bem’, contra os valores
ridicularizados da família dita tradicional, da religião, dos bons costumes,
que pautaram essa campanha?"
A ineficácia da estratégia vai além da percepção. É
quantificável. A pesquisa Ibope divulgada ontem (15.10) revela que a
rejeição a Fernando Haddad chegou a 47%, enquanto a de Bolsonaro está em 35%.
Lembre-se que no primeiro turno era a aversão ao capitão que beirava os 50%.
O PT se diz disposto a alargar mais ainda a sua
mutação. A flexibilização de programas e a revisão na taxação de fortunas,
presente no plano de governo, estão na mesa para serem servidos em troca do
apoio de partidos mais ao centro e mesmo à direita.
Engolir sapos também faz parte do cardápio. Como ouvir
Cid Gomes, irmão de Ciro, dizer com todas as letras que “o PT vai perder feio
porque fez muita besteira, aparelhou as repartições públicas e achar que era
dono de um país” e ainda assim continuar atrás do apoio do PDT.
Talvez porque já tenha caído a ficha do que Jaques
Wagner teve a coragem de verbalizar publicamente: seria melhor ter lançado Ciro
Gomes. Reclamações contra a decisão por uma candidatura biônica própria?
Encaminhar à Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.
Leonardo Mendes Júnior é diretor de Redação da Gazeta do
Povo
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