
Não é preciso ser católico para admirar a vida dos Santos ou
para aprender com elas. Assim como na literatura as personagens nos ajudam em
nossa formação, também os Santos, com suas vidas, podem nos ajudar de uma forma
surpreendente.
A total entrega à vocação, o domínio do temperamento, como
superaram o meio e as dificuldades. Tudo isso a nossa disposição! Então, por
que não usufruir desse privilégio?
Comecemos com Santa Elisabeth da Trindade, pois foi ela
mesmo quem, com sua vida, inspirou-me a isso.
Nascida, após 36 horas de trabalho de parto, em 18 de julho
de 1880, no acampamento militar de Avor, perto de Bourges, onde seu pai era
capitão, Maria Elisabeth Catez foi batizada quatro dias depois. Uma menina que
desde muito nova apresentava um temperamento muito forte, uma colérica capaz de
bater o pé, gritar e jogar coisas, quando contrariada.
Aos sete anos, viu seu pai falecer de um ataque cardíaco,
episódio que marcou profundamente Elisabeth.
Ela era muito decidida, impetuosa, e sua mãe, católica
fervorosa, preocupava-se muito com sua menina. Sua irmã era seu oposto e, com
isso, dava uma equilibrada na casa. Possuindo um caráter violento e irascível,
desde a mais tenra idade, aquela criança batalhava por dominar-se, com uma
vontade de ferro. Sua irmã testemunha a esse respeito: “à força de lutar
consigo mesma, chegou a uma doçura angelical. Lembro-me dela bem pequena com
verdadeiros acessos de cólera, gritando e batendo os pés… Esta menina tão
difícil transformou-se numa jovem de grande serenidade’’.
Aos sete anos, tendo como visita o Cônego Isidoro Angles,
confessou-lhe ao ouvido: ‘’ Monsieur Angles, eu serei freira. Quero ser
freira!’’. E esse desejo nunca a abandonou. Vivia sua vida, possuía um incrível
talento musical, viajou por vários lugares da França com sua família, mas em
seu interior travava uma luta. Uma luta entre sua personalidade e seu chamado à
vocação. O padre Paulo Ricardo, em uma aula sobre a Santa, diz que ‘’Elisabeth
era do tipo de pessoa que ou é Santa ou Demônio’’. É o tipo tudo ou nada, e ela
escolheu ser tudo.
Aos vinte e um anos entrou, finalmente, para o Carmelo,
depois de anos de recusa de sua mãe a deixa-la. No dia 9 de novembro, às cinco
e quarenta e cinco da manhã, virou-se do lado direto, inclinou a cabeça para
trás e sua figura se iluminou. Os olhos, fechados há vários dias, se abriram,
parecendo vislumbrar algo por cima da cabeça de Madre Germana que, ajoelhada à
sua cabeceira, rezava. Assim partiu para encontrar-se com “seus Três”.*
Encontrou-se com a Vida, a luz e o Amor.
Esse é um pequeno, bem pequeno, resumo da grandiosa vida que
Santa Elisabeth viveu em seus vinte seis anos aqui na Terra. Vencendo seu
temperamento difícil, superando a perda do pai, esperando por anos para
realizar seu desejo de ser Carmelita. Vencendo a si mesma, pode alcançar a
plenitude da vida.
“A meu ver a alma mais livre é aquela que mais esquece de si
mesma. Se me perguntassem o segredo da felicidade, diria que consiste em não se
preocupar mais consigo, desprendendo-o a todo momento. Eis uma boa maneira de
fazer com que o orgulho morra. É como se o subjugássemos pela fome.’’ –Santa
Elisabeth da Trindade
*Era assim que Santa Elisabeth referia-se a Santíssima
Trindade.
Para saber mais, assistir:
Sabryna Thais é
professora
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