Que proveito tem o
homem, de todo o seu trabalho, que faz debaixo do sol?
Eclesiastes 1:3
Eclesiastes 1:3
Trabalhar para quê? Esse é o questionamento do sábio e
talvez o mesmo de tantos seres humanos que questionam o propósito do trabalho,
principalmente diante de um mundo profissionalmente tão concorrido e
predatório, utilitarista, mergulhado em uma lógica de produção, consumo e
bem-estar egoísta.
Salomão, segundo
historiadores, no final de sua vida, com toda sua sabedoria e riqueza iniciou uma
jornada fascinante de análise da vida a partir do olhar humano, tendo como
ponto de partida a finitude do ser humano e de várias perspectivas analisou a
vida de forma dinâmica sobre essa eterna busca da satisfação e contentamento.
Logo no início o autor do livro de Eclesiastes refuta uma
das principais atividades do homem, o trabalho, refletindo sobre a futilidade
do trabalho e instigando o leitor ao indagar qual seria o proveito do trabalho.
Nesse ponto específico destacamos a pergunta principal do livro, “que proveito
tem?”
O sábio apresenta argumentos e constrói toda sua retórica a
partir da pergunta “que proveito tem?” e da afirmação “tudo é vaidade”. O clímax
do livro acontece quando o autor a partir do seu contentamento humano em
reconhecer que a vida não faz sentido, reconhece que tudo só faz sentido se o
homem olhar para a vida com as lentes de Deus.
Em resumo, a história é
conduzida por Deus, e cada mínimo detalhe da nossa vida está sob o seu domínio.
Assim sendo, Salomão reconhece que a vida só faz sentido se a satisfação e o
contentamento forem prospectados na fonte certa, no autor da vida. Ele é que
concede ao homem a verdadeira felicidade, pois tem um propósito para cada
momento da vida, inclusive o trabalho.
A partir dessa resposta encontrada pelo sábio no final do
seu livro pode-se verificar que tudo começa a fazer sentido, inclusive o
trabalho. E, voltamos a pergunta: “trabalhar para quê?” Para alguns críticos o
trabalho não tem um propósito e não estaria no plano original de Deus para a
humanidade. Bem, não é o que encontramos em Gênesis 2.15, “O Senhor Deus
colocou o homem no jardim do Éden para cuidar dele e cultivá-lo.” O texto
apresenta o trabalho como algo anterior ao pecado, portanto, não seria
consequência do pecado, mas, algo que está no propósito original de Deus para a
humanidade.
As Sagradas Escrituras inclusive apresentam o trabalho como
algo tão incrível que ele não seria apenas um dever humano, mas algo divinal,
pois, nas palavras de Jesus registradas por João Ele disse que Deus Pai ainda
trabalha até hoje, assim como Ele, sendo óbvio que Deus não estava descansando
desde o sétimo dia da criação, como alguns imaginam. O salmista também revela
que o trabalho é algo que cabe aos astros celestiais, “Ele fez a lua para
marcar estações; o sol sabe quando deve se pôr”. (Sl 104:19), assim
como aos animais, “os leões rugem à procura da presa...”(Sl 104:21).
Desta forma, o sábio levanta uma questão que deve realmente
ser avaliada diariamente: que proveito tem o seu trabalho? A resposta que
Salomão aponta é que o trabalho não é uma maldição em si. Mas, pode tornar-se quando
não está dentro do propósito de Deus. E qual o propósito de Deus? O propósito
de Deus é que o trabalho não seja um fim em si mesmo. O propósito de Deus é que
o trabalho não seja mais um deus idolatrado pelos homens. O propósito de Deus é
que o trabalho não seja o propulsor do desequilíbrio emocional, físico e
espiritual do homem. O propósito de Deus é que o trabalho seja um meio pelo
qual o homem glorifica a Ele cumprindo suas atividades com honestidade,
sinceridade, criatividade, equilíbrio e ética, resultando em vidas e famílias
ajustadas e equilibradas no amor, na fé e na esperança, tendo como central aquilo
que é essencial. O trabalho não é algo criado pelos homens, o trabalho é algo
que vem de Deus, e se é divinal, então há contentamento, satisfação e
espiritualidade nele também.
Estêvão Soares é bacharel em Administração. Escreve em ConTexto aos sábados
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