Os trágicos acontecimentos que estrearam o ano
de 2019 tomaram as manchetes de televisão e provocaram comoção e dor, ademais o
medo, não apenas nós brasileiros, mas toda a população mundial ficou, ou ainda
se encontra, estarrecida. Catástrofes ambientais como o ciclone que atingiu o
sul do continente africano, cuja estimativa de vítimas ultrapassa os mil mortos
e milhares de desabrigados. Os crimes bárbaros, tais como os ocorridos na Nova
Zelândia, onde 50 pessoas foram mortas e a história de terror vivenciada em
Suzano, no estado de São Paulo, cujo saldo de mortos foi onze, incluindo os
atiradores. Na Holanda, três vítimas de mais um provável ataque terrorista. A
queda do Boeing 737 na Indonésia, 189 pessoas vitimadas; antes desse fato
ocorreu também a queda de um avião semelhante, na Etiópia, e neste último 157
morreram. Brumadinho, Minas Gerais, mais de duzentos mortos e diversos ainda
desaparecidos. Sequer finalizamos o primeiro trimestre, mas as lágrimas
derramadas nesse início de 2019 são capazes de afogar os meses que sucederão,
encobrindo-os pelo asco e clamor.
A
indicação de leitura de hoje é “Mentiram Para Mim Sobre o Desarmamento” de
Flavio Quintela. Que Deus vos abençoe.
O Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada –
IPEA, órgão associado ao Ministério da Economia divulgou, ainda em junho de
2018 em conjunto com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), o Atlas da Violência 2018, cuja finalidade
é compreender o processo da acentuada violência no país, embora este órgão não
tenha ficado imune às concepções ideológicas predominantes entre os
“intelectuais” e a mídia em geral o que implica em ser eivada por ideologias de
esquerda e apresentar de forma confusa alguns dados, o tomarei como referência.
Os números apresentados reforçam o sentimento de temor que assola os
brasileiros, pois embora as tragédias como a de Mariana e Brumadinho sejam
comoventes, há algo mais corriqueiro: a violência. No ano de 2016, segundo
dados do Ministério da Saúde ocorreram 62.517 mil homicídios. Na última década
mais de 500 mil pessoas foram vítimas de homicídio no Brasil, é um número
assustador.
Ao focar meramente o Estado de Pernambuco,
apontado como um dos mais violentos do país, percebe-se que o receio não é um
exagero. Apenas nos dois primeiros meses de 2019 já são contabilizados
aproximadamente 600 homicídios, embora haja uma redução caso comparado ao mesmo
período no ano anterior essa cifra é alta e garante aos pernambucanos uma vida
limitada por medo do crime, o que acaba por incorporar ao cotidiano hábitos
defensivos, com o objetivo de proteger-se da criminalidade. Segundo a
Secretaria de Defesa Social do Estado os meses de janeiro e fevereiro já
computam 299 casos de estupros e 13.037 casos de roubo, não se quedar perplexo
é um fato atípico. E o grande questionamento é como barrar a evolução desses
números.
Ao passo que a violência amplia, discute-se quais
seriam os mecanismos mais eficazes para neutralizar essa onda de criminalidade.
Não obstante, essa discussão ganhou força nos palanques eleitorais, assim, a
segurança pública passou a ser carro chefe dos candidatos no último pleito
eleitoral. Ainda ontem, foi instaurada a Frente Parlamentar da Segurança
Pública que promete agir com o intuito de aprovar alterações legais no âmbito
penal, atendendo aos anseios da população atualmente cativa da marginalidade.
Essa insegurança desenha um cenário para o
debate do porte de armas. Se por um lado os contrários a liberação do porte de
armas por civis alegam que as elas provocam um caos e instabilidade, os dados
oficiais provam que foi justamente após a promulgação do Estatuto do
Desarmamento que os homicídios e demais tipificações penais cometidos com o uso
de armas de fogo aumentaram. Esses índices revelam que o Estado não consegue
cumprir com seu papel de certificar a segurança, tão pouco impor o próprio
desarmamento, o qual serve exclusivamente para o cidadão e retirar-lhe o direito
de autodefesa. Na prática, o Estatuto do
Desarmamento serviu para facilitar a desordem social e provocar a sensação de
instabilidade e medo. Por fim, esse ambiente é perfeito para o surgimento de
líderes populistas que prometem revoluções e mudanças de sistema com cerne em
pseudos cuidados sociais, tais como a oferta de ensino, saúde e lazer, todos à
la comunismo de Karl Marx. Não
impressiona que justamente os líderes de países que vivem ou almejam
concretizar as ideologias de esquerda são os que desarmaram sua população, vide
o perverso e criminoso governo venezuelano, vide o Brasil.
Uma das maiores
dificuldades que o brasileiro apresenta no âmbito de análise textual é
justamente a relação causa-consequência, sendo necessárias explicações lógicas
para o entendimento de quaisquer situações por mais nítidas que se apresentem.
Há anos o Brasil vê os índices educacionais despencando, a saúde pública a
cada dia mais precária e a violência crescente e a causa pode ser observada ao
analisarmos as medidas de nossos antigos governantes, que alegavam preferir
livros a armas, mas ofertaram-nos uma educação precária e doutrinadora. Fartos
em populismo, serviram-se de maquiagens econômicas e esmolas que asseguraram
votos, bem como impuseram a reprodução de seus discursos. Essa quadrilha que se
encaminha para um “enjaulamento”, a exemplo do ex-presidente Lula (e agora o
Michel Temer) alucinou suficientemente ao ponto de ainda encontrar, mesmo após
as desastrosas consequências de suas lideranças, fanáticos que reproduzem seus
discursos e os conclamam para mais uma temporada de destruição à pátria regada
ao altíssimo índice de criminalidade urbana. A solução para a violência não é simplória, mas perpassa pelo uso das armas e dos livros.
A
indicação de leitura de hoje é “Mentiram Para Mim Sobre o Desarmamento” de
Flavio Quintela. Que Deus vos abençoe.
Amanda Rocha é professora. Escreve em ConTexto às quintas-feiras.
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