O cumprimento do
ide do Senhor realizado pelos apóstolos e discípulos ao longo dos séculos
expandiu o Evangelho, tornando conhecida a muitos a ação salvífica de Cristo no
Calvário, a qual é capaz de justificar o homem concedendo-o a vida eterna.
Contudo essa relação entre justiça e salvação sempre foi tema para discussão e
pesquisa, muitos se questionam principalmente acerca do processo de salvação no
que tange aos que não foram alcançados pela mensagem evangelística. Outro dia alguns alunos questionaram-me se
seriam condenados todos os que morreram sem ter ouvido a proclamação do
evangelho. Não obstante, essa também já fora uma indagação minha, em meus
inexpressivos conhecimentos teológicos, decidi reler alguns versículos em busca
de trazer à memória uma provável resposta, se é que a encontraria.
Há quem comungue
da tese de que seria uma imensurável injustiça Deus condenar alguém que não
teve acesso à mensagem da Verdade, todavia, Isaias 64.6 afirma que “Todos os nossos atos de justiça se tornaram como trapos
de imundícia” nossa medida de justiça é pequena, suja. As Escrituras relevam
que só há um caminho que conduz à salvação, Jesus Cristo; em João 14.6 o
próprio Jesus afirma “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida.
Ninguém vem ao Pai, senão por mim”. Foi seu ato em morte de cruz que
permitiu a todo que nele crer alcançar a salvação, mas quanto àqueles que
jamais ouviram falar desse tal de Jesus, que embora homem, é Deus e através
dEle é possível alcançar o perdão para remissão dos pecados? É mediante a fé em
Cristo que alcançamos o perdão, e essa fé é fabricada em nossos corações ao
ouvirmos a Palavra de Deus, mas como julgar e condenar alguém cuja
possibilidade de ouvir essa Palavra lhe foi tolhida? E para esses, regressamos,
inclusive, a um ponto ainda mais intrigante: Deus existe? A Bíblia, contudo,
revela-nos que os céus declaram a Glória de Deus, e que o firmamento proclama a
obra de suas mãos (Salmos 19.1), assim, bastaria contemplar a natureza para que
o homem reconheça que apenas um ser divino, superior a si seria capaz de
produzir o que seus olhos podem contemplar, mais que isso, a cada nova
descoberta científica evidencia-se a obra grandiosa da criação divina; ademais,
a própria consciência do homem o conduzirá a praticar atos conforme a boa e agradável
vontade de Deus, ou seja, um parâmetro sobre o certo e o errado, rapidamente em
Romanos 2.14-15 Paulo nos diz que “De fato, quando os gentios, que não têm a
Lei, praticam naturalmente o que ela ordena, tornam-se lei para si mesmos,
embora não possuam a Lei; pois mostram que as exigências da Lei estão gravadas
em seu coração. Disso dão testemunho também a sua consciência e os pensamentos
deles, ora acusando-os, ora defendendo-os”.
Engana-se o homem
ao pensar que a salvação é um direito que possui, pois não é, por contrário, é
um favor imerecido que recebemos do Deus bondoso e rico em misericórdia, que
nos livra de nossa merecida recompensa pelo afastamento de sua presença, a
saber, a condenação eterna. Fazer justiça é condenar o homem pecador que se distanciou
do saber e obediência de Deus. A condenação é o que merecíamos, mas através de
Jesus alcançamos justificação e purificação para remissão dos nossos pecados.
O homem insiste
no erro, quando utilizar de seu olhar de justiça limitado por sua própria humanidade,
ao exigir de Deus salvação a todos os indivíduos, e em caso de descumprimento,
imputa ao Senhor uma perversidade desmedida e ao homem o direito inato de viver
em gozo e refrigério independente de seus atos. Ademais, quando cobramos de
Deus uma suposta justiça que implica na salvação de todos os pecadores,
praticamos o ato de Adão, transferimos ao outro a responsabilidade que nos foi
dada: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho; mas ao invés de declararmos a
salvação mediante o reconhecimento de Cristo como único e suficiente salvador,
nos escondemos e recusamo-nos.
Viver um
evangelho medíocre, despreocupado, que não se compadece do sofrimento do outro,
que se satisfaz com uma entrega sem doação completa é fácil. É fácil ir aos
cultos em certos dias da semana, cantar alguns louvores e até recitar alguns
versículos, isso é simples; no entanto, o verdadeiro evangelho é padecer com
Cristo, é viver a páscoa todos os dias.
A Palavra de Deus
não trata amplamente de algumas de nossas indagações aqui expostas, há
antimônios que apenas nos serão esclarecidos quando adentrarmos na glória e
junto ao Deus pai compreenderemos tudo o que por hora acalenta-nos a fé, a
certeza que há um Deus todo poderoso, o Único que era, que é e há de vir, para
o qual toda a criação inclina-se em louvor e adoração e sob sua autoridade e
vontade o servem e servirão de eternidade em eternidade.
A indicação de
leitura de hoje é Os Cânones de Dort. Que Deus vos abençoe.
Amanda Rocha é professora.
Escreve em ConTexto às quintas-feiras.
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