Nada mais justo
do que um estudante que estuda ir às ruas reivindicar melhorias na educação.
Nada mais coerente que um professor comprometido com as melhorias no ensino
público ir às ruas protestar contra “contingenciamento” de verbas para as
universidades. Sim, esses não são “idiotas úteis”, como afirma o presidente
Jair Bolsonaro.
Mas nada mais
vergonhoso do que partidos de esquerda e alguns “movimentos” se aproveitarem da
situação para erguer suas bandeiras entre os estudantes. Só para refrescar a
memória, o Ministério da Educação perdeu R$ 10,5 bilhões (10% do orçamento) em
2015, ano em que a presidente Dilma Rousseff escolheu o slogan "Pátria
Educadora" como lema de seu segundo mandato. Mais de 30% desse montante
seriam destinados à construção de creches e quadras. Ou seja, a “Pátria
Educadora” de Dilma era uma “Pátria Cortadora”. A justificativa foi exatamente
a mesma de agora: queda na arrecadação e falta de dinheiro.
Ainda em 2015,
sob o governo do PT, apoiado pela esquerda, as universidades federais ficaram 5
meses em greve – e o governo petista foi acusado na época pelos reitores de não
negociar e ser intransigente.
Naquele ano, os
cortes foram chamados de “represamento de orçamento no âmbito do ajuste
fiscal”. A tesourada do PT atingiu programas como o Fies (Financiamento
Estudantil) e o Pronatec. Aquele 2015 fechou com 313 mil contratos do Fies, 57%
menos do que o registrado em 2014. A Universidade Federal do Rio de Janeiro,
uma das mais importantes do país, teve em 2015 aulas suspensas por falta de
limpeza e segurança. "As firmas contratadas para os serviços alegaram
falta de pagamento. Sem salários, os empregados pararam. Alunos ocuparam a
reitoria por melhorias no alojamento, pagamento das bolsas e solução para os
terceirizados."
Para efeito de
comparação com o anunciado pelo atual (des)governo, considerando todas as 63
universidades federais, o corte total é de R$ 1,7 bilhão, o que representa
24,84% dos gastos não obrigatórios (chamados de discricionários) e 3,43% do
orçamento total das federais. O orçamento aprovado para todas as 63
universidades federais em 2019 é de R$ 49,621 bilhões. Desse total, o pagamento
de salários (despesas de pessoal) vai consumir R$ 42,3 bilhões, o que
representa 85,34% - nesse valor, não há nenhum tipo de corte. Já as despesas
discricionárias somam R$ 6,9 bilhões (13,83%), e outros R$ 400 milhões (0,83%)
são provenientes de emendas parlamentares. É desse valor que o governo vai
tirar 1,7 bilhão.
Resumo: o PT
deixou as universidades na UTI, e Bolsonaro quer diminuir a dose dos remédios.
Levantar bandeirinha vermelha em protesto contra os cortes ou mesmo gritar pela
liberdade do corrupto preso em Curitiba desmoraliza uma reivindicação mais que
justa e é, para dizer o mínimo, incoerente. Educação com qualidade é direito de
todos. Universidade pública nunca foi gratuita; ela é paga com o dinheiro de
nossos impostos: os meus, os seus, os de todos os brasileiros. E se pagamos
tantos impostos, temos o direito de reivindicar como eles deveriam ser usados.
Bolsonaro
deveria começar a governar e respeitar quem não concorda com as medidas de seu
governo. O PT e a esquerda deveriam parar de se aproveitar de uma situação que
eles mesmos causaram.
Menelau Júnior
é professor
Fonte: Facebook do Menelau Júnior
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