Sou natural do Agreste pernambucano e defensor do Polo de Confecções
do Agreste. Cresci às margens da BR 104, vendo o desenvolvimento desse Polo,
inicialmente Santa Cruz, Toritama e Caruaru e depois as mais de 30 cidades que
hoje produzem moda na região. E nesses meus 44 anos, dediquei pelo menos 20
anos ao segmento têxtil e vi muita coisa acontecer por aqui, vi grandes
empresas quebrarem, vi pessoas que passavam fome e hoje estão ricas, vi
empresas de mais de 40 anos que hoje não existem mais (Triste), mas sobretudo
vi crescer uma terra de oportunidades, aqui é lugar de oportunidades, só não
trabalha quem não quer. Mas ultimamente esse Polo tem sofrido bastante, antes
tínhamos pelo menos 4 meses bons de vendas: Maio e junho, novembro e dezembro,
hoje se resume apenas a 2 semanas em junho e 2 em dezembro. Recentemente tive a
informação que tem lojistas no Parque 18 de Maio fechando as portas e isso é
ruim.
Essa região ainda é o motor da economia desse estado. Mas o
que fazer? De quem é a culpa? Dos governantes? Dos empresários? Acredito que um
pouco de cada. Acredito que algumas medidas precisam ser tomadas, por parte de
todos, pois se não dermos as mãos e levantarmos a cabeça a situação ficará cada
vez pior.
Acredito que o investimento em tecnologia é uma das saídas,
afinal estamos na era da indústria 4.0 onde o domínio tecnológico se faz
presente: A inteligência artificial, a análise de dados, os Chat bots (Robôs
virtuais), podem e devem ser utilizados para alavancar as vendas também no
seguimento de moda, sei que algumas empresas da região já começaram a utilizar
algumas ferramentas, mas de forma ainda muito tímida, é preciso uma imersão
nesse mundo virtual que tem se tornado cada vez mais real.
Acredito que uma outra saída é o incentivo a criação de
cooperativas, pois leva desenvolvimento econômico para as cidades, pulveriza e
diversifica cada vez mais a produção, a geração de emprego e distribuição de
renda, com o cooperativismo você consegue baratear os custos de produção,
consequentemente se torna mais competitivo, para isso o governo precisa
desburocratizar a legislação. Conheço cidades pequenas que implantaram o
sistema de cooperativas e estão muito bem, produzindo, gerando emprego e renda a baixo custo.
Os governantes de uma forma geral precisam voltar os olhos
para essa região, aqui, crescemos sem qualquer incentivo ou ajuda
governamental, o único olhar que eles tinham era o de cobrar altos impostos e
sufocar o pequeno empreendedor. É preciso investir e entender a força que tem
essa região, precisamos de representantes sérios que sejam realmente
comprometidos com essa causa, o que vemos nas cidades da região é apenas um
revezamento de famílias que se perpetuam no poder e nunca sequer olharam para
esse setor com os olhos de quem verdadeiramente coloca a mão na massa ou no
pano. Mas não percamos a esperança, ainda existem alguns remanescentes que
querem mudar a realidade dessa região.
Não me coloco aqui como dono da verdade, mas aberto a
debater no campo das ideias sobre essa importante matriz econômica, que é o
POLO DE CONFECÇÕES DO AGRESTE.
Jorge Xavier é empresário
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