Um processo democrático sempre
deixa vencedores e perdedores. Há aqueles que festejam o mandato inteiro, quer
com apenas a alegria da vitória, quer com cargos ou outras benesses; e há os
outros que, derrotados nas urnas, vão destilar todo o seu vasto vocabulário de
maldições durante quatro anos.
Isso é normal... isso é
salutar! Mas, sobretudo, isso é muito divertido!
Um grande problema surge
quando os vencedores se tornam "passadores de pano", proferindo um
"amém" após o outros para as atitudes da gestão. Comemorando os
acertos que todos enxergam e justificando, desmerecidamente, os erros notáveis
que todos criticam.
Este texto, porém, não tem
como objetivo "puxar as orelhas" dos subordinados das gestões atuais,
seja a federal, a estadual ou a municipal... sabemos que esse é o papel deles:
gritar para enaltecer, calar para repreender.
O outro "lado", a
oposição, os perdedores do pleito anterior... estes têm um papel muito
importante – muito MAIS importante do que aqueles que citei até o parágrafo
anterior.
Acontece que, seja por
ideologia, seja por mágoa, seja por oportunismo diante de um novo pleito
eleitoral (2020 vem aí, hein?), tais personagens abdicam do protagonismo
saudável da oposição propositiva e racional em nome de uma irrefreável batalha
por aplausos neste "comício virtual".
O ápice deste "espírito
briguento" é atingido quando, publicamente ou não, começam a desejar que
uma política pública proposta pela gestão atual não dê certo! Deus do Céu! Dá
vontade de perguntar "você está se ouvindo, criatura?".
"Tomara que as ideias da equipe econômica
não tenham sucesso! Porque aí a gente vem fervendo na próxima eleição."
"Essa distribuição de
óculos nas escolas não pode dar certo! Isso vai trazer bom capital político
para a prefeita!"
"A violência diminuiu em
Pernambuco! Que droga! Isso vai ajudar o governador a eleger o seu
sucessor!"
É de gente que repete isso, ou
coisa pior, que a administração pública precisa estar bem longe! Pessoas com
esse pensamento não entendem o básico sobre impessoalidade e moralidade. Não
conseguem ver que o centro da vida pública é o povo, o cidadão comum, a mãe de
família, o jovem estudante, os idosos dependentes da saúde costumeiramente tão
esquecida.
Pessoas que torcem contra o
governo torcem, na verdade, contra o povo. Porque, teoricamente, tudo o que o
governo faz é pelo povo e para o povo.
Governos não precisam ser
aplaudidos pelas coisas certas que fazem: para isso eles já têm os passadores
de pano, mas governos têm obrigação de atuar de modo a merecerem ser aplaudidos
– o famoso "não fez mais do que sua obrigação!".
Enfim, governos não são tão
perfeitos quanto os passadores de pano propagam aos quatro ventos nem são tão
pecadores quanto a oposição, a mal intencionada, diz que são. Essas duas faces
da mesma moeda continuarão o seu trabalho ininterrupto de tentar convencer o
maior número de eleitores até outubro do ano que vem...
E é justamente aqui que a
imprensa mostra a importância do seu papel! Ao noticiar com máximas clareza e
imparcialidade possíveis, nosso jornalismo se apresenta como o filtro adequado
(e necessário) para que nós, povo, entendamos o que o governo faz de bom e de
ruim. O que merece (mas não vai) ser aplaudido e o que merece (e tem que ser)
criticado.
Sim! Governos devem ser
criticados e exortados por aquilo que fazem de errado, por aquilo que fazem de
forma a prejudicar o povo que os sustenta.
Criticar, sim! Torcer contra,
não!
Afaste-se, caro leitor, de
qualquer crápula que torça para que o governo atual erre, falhe e faça mal
feito. Essa pessoa não é digna de sua companhia! Aliás, essa pessoa é
peçonhenta, venenosa, ardilosa – ela causa mal!
Qualquer falha de um governo
afetará diretamente o cidadão comum, inclusive você e eu! Portanto, alguém que
torce contra o governo (alguém que deseja que o governo falhe) é alguém que
deseja que VOCÊ se dê mal, provavelmente com o intuito de, daqui a alguns
meses, apresentar-se como "solução", quando puder anunciar que é
candidato.
Não ouça alguém assim, não
conviva com alguém assim... não desperdice seu tempo, sua atenção, nem seu voto
com uma pessoa assim: acredite, ele não merece trabalhar para o povo porque ele
não está nem aí para o povo!
Que Deus abençoe os nossos
governantes para que busquem sempre melhorar – pois isso melhorará diretamente
a nossa vida!
João
Antonio é professor
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