Liberdade é por certo a
palavra-chave dessa geração e, embora seja tão ovacionada, é contraditório
compreender que mais de 260 milhões de cristãos vivam sob perseguição, alta,
severa ou extrema, contrariando as expectativas de liberdade do século XXI. Os
dados são da Organização Internacional Portas Abertas, a qual lançou no último
dia 15 de janeiro a Lista Mundial da Perseguição (LMP) 2020, que corresponde ao
período de 1 de novembro de 2018 a 31 de outubro de 2019. A atualização revela
que ano após ano a perseguição aos cristãos aumenta de forma estarrecedora. Em
um comparativo dos anos 2018 e 2019, a pesquisa aponta que houve um aumento de
6% (eram 245 milhões em 2018) dessa perseguição. A Organização também abaliza
que um a cada oito cristãos enfrenta a perseguição e que, por dia, oito pessoas
são assassinadas no mundo por declararem a fé cristã; contudo, considere que
esses dados são resultados que foi possível mensurar, todavia, a estimativa é
de que a totalidade seja deveras maior.
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Foto: Portas Abertas |
Por mais de uma década, a Coreia do
Norte, dirigida pelo ditador comunista Kim Jong-un lidera o topo da lista dos
50 países onde seguir a Cristo pode custar a vida. Já a Nigéria é o país com o
maior número de assassinato, em 2019 foram 1.350, em 2018 foram 3.731 pessoas
mortas, essa redução estar longe de representar uma tolerância aos fiéis,
segundo o Portas Abertas "a principal razão dessa queda foi a mudança de
tática dos pastores de cabra fulani (grupo de perseguidores) que colocaram mais
ênfase em sequestros e assassinatos em massa ao invés da invasão de
propriedades e comunidades cristãs". Ao todo foram 2.983 fiéis
assassinados por professarem a Cristo como Senhor e Salvador, segundo a LMP
2020. O número de ataques aos locais de culto teve um salto de 1.847 na LMP 2019
para 9.488 na LMP 2020 e o país com maior índice de ataques é a China, o país
também lidera no número de cristãos presos ou condenados sem julgamento. Na
América Latina, a Colômbia é destaque com perseguição severa, ocupando a 41ª
colocação mundial. O Islamismo, o comunismo e o crime organizado estão entre os
motivos da perseguição aos cristãos.
Essa história de ataques não é
recente, um retorno aos registros históricos encontra relatos de que o próprio
Cristo sofreu perseguição desde o seu nascimento, quando Herodes ordena a morte
de todos os meninos menores de 2 anos na região de Belém, à cruz, onde tudo foi
consumado. Sua história arrebatou milhões de seguidores, os quais enfrentam
qualquer adversidade e optam pela morte a negá-lo. Foi assim com os cristãos
torturados e queimados acusados por Nero, o verdadeiro culpado, de incendiar
Roma, em 64 d.C.. Alguns anos após, caso ocorresse aos romanos qualquer
infortúnio, tal como fome ou praga, logo lançavam-se os cristãos aos leões.
Essa história de perseguição e intolerância não cessou, perpassou séculos e
chegou aos nossos dias, onde, entre outros, o Islamismo e o marxismo parecem
lutar lado a lado com o fim de destruir a maior religião do mundo.
Não bastassem os ataques que
culminam em morte, a perseguição tem ocorrido de forma velada no mundo
ocidental, nos países considerados democráticos. Parafraseando o grande
evangelista Billy Graham: a sociedade está se esforçando para evitar
qualquer possibilidade de ofender alguém. Só não se importa de ofender a Deus”.
Nessa desventura, os valores base de sustentação ocidental sofre ataques
constantes de todas as formas possíveis: a TV, os filmes, músicas, livros,
comerciais, locais de culto. O homem se rebelou contra Deus e agride ou
desdenha dos que continuam a professar sua fé em Cristo.
A
Europa, referência de civilização, tem sido palco da intolerância. Os templos
cristãos têm sido acometidos numa proporção inaceitável, só em 2019 foram mais
de 3.000 igrejas, escolas, cemitérios e monumentos cristãos atacados, inclusive
a Catedral de Notre Dame, em Paris. Segundo o governo francês cerca de três
vezes por dia, lugares cristãos são alvo de ações de vandalismo, são profanados
e incendiados. Na Alemanha, conforme
registros da polícia, esses ataques ocorrem ao menos duas vezes por dia. Países
como a Bélgica, Grã-Bretanha, Dinamarca, Irlanda,
Itália e Espanha também não estão livres de ataques tanto à Igreja Católica
Romana, quanto às Protestantes. Os autores dificilmente são
identificados e os poucos capturados têm sua identidade ocultada pela polícia
com a desculpa de não suscitar discriminação ou represálias a minorias étnicas,
ou são classificados como portadores de transtornos mentais, assim, os atos
jamais serão considerados crimes de ódio. Conforme a Gatestone
Institute, entidade que observa a perseguição aos cristãos e a política
internacional, a maioria dos agressores são imigrantes mulçumanos, anarquistas
ou feministas radicais. Embora esses dados sejam alarmantes, a
mídia os revela timidamente e atribui a responsabilidade primariamente a
vândalos, sem relacioná-los a objetivos políticos e religiosos. O Bispo de
Fréjus-Toulon, Dominique Rey afirmou numa entrevista a revista italiana Il Timone:
“Estamos testemunhando a convergência do
laicismo, concebido como secularismo, que relega os fiéis apenas à esfera
privada, onde qualquer denominação religiosa é considerada banal ou é
estigmatizada. o surgimento esmagador do islã ataca os infiéis e aqueles que
rejeitam o alcorão. De um lado, somos ridicularizados pela mídia… do outro, há
o fortalecimento do fundamentalismo islâmico. São duas realidades
interligadas.”
A realidade na América Latina não
dista da europeia, Argentina, Chile e México são constantemente palcos de
agressões a templos cristãos. O certo é que mesmo quando os ataques não ocorrem
aos lugares físicos dirigem-se a símbolos sagrados. No Brasil, a festa mais
esperada é o carnaval, óbvio que essa festividade é em si mesma uma grande
desonra a Deus, pois os valores morais, base substancial de nossa sociedade, é
completamente desconsiderada, mas o destaque não aponta unicamente à nudez, às
danças sensuais, às relações promíscuas, não. A apresentação da Gavião da Fiel
durante o desfile das escolas de samba do ano de 2019 ainda é lembrado? Um ato
de vilipêndio, uma grande afronta a fé de milhões de brasileiros: Cristo sendo
derrotado por Satanás. Contudo, tal ato fora interpretado pela grande mídia e
divulgada meramente como liberdade de expressão, liberdade artística; e assim
segue-se: todos os atos de ofensa à fé cristã são concebidos como arte ou
banalidade, algo comum e os ofendidos são legalistas, fundamentalistas, ou
meros ignorantes incapazes de compreender uma expressão artística.
Esse mesmo discurso enfadonho,
composto pela retórica de ódio dos marxistas, fora atribuído aos críticos da
exposição Queer, do Banco Santander, bem como à performance "O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu” e aos
últimos especiais de Natal produzidos pelo grupo Porta dos Fundos através da
Netflix. O último especial tornou-se matéria nos maiores veículos de
comunicação do país e do mundo, não para criticar os atores, mas para condenar
o ato criminoso que atacou a sede da produtora numa tentativa de retaliar o
grupo que desenvolveu e interpretou o filme no qual Jesus apresenta-se como
gay.
Atos de violência devem ser
repudiados, não importa quem o pratique, no entanto, tornou-se nítido que toda
a mídia é partidária da violência, desde que seja contra a fé cristã. Nenhuma
crítica fora direcionada ao grupo, não há para os "especialistas"
(nomenclatura usada para palpiteiros com a finalidade de embasar qualquer
estupidez que a mídia queira transmitir e enfiar na mente das pessoas com ares
de ciência) qualquer ato criminoso, tudo não passa de liberdade artística.
Sem pausas, mais uma afronta acaba
de ser lançada. Outra vez o palco será o carnaval. O enredo da escola de Samba
Mangueira revela um sincretismo religioso que agride aos seguidores do
cristianismo. O enredo, criado a partir da imaginação grotesca e abjeta de Leandro Vieira, aborda um
Cristo que é homem e mulher; que pode ter qualquer religião; é um Cristo que se
mistura ao Zé Pelintra,
entidade da Umbanda.
Todos os
atos aqui descritos, ou mesmo similares, seriam inadmissíveis se praticados
contra qualquer outra religião, todavia, revelar em âmbito internacional que os
cristãos são perseguidos é retirar-lhes a caricatura de seres perversos, que
invadem a liberdade individual e impõe suas crenças, para conceder-lhes o papel
de vítimas; é extrair-lhes das prateleiras dos vilões e lançar-lhes aos
injustiçados; e isso é, por consequência, valorizar sua cultura; por isso não
reconhecem a necessidade de combater os números catastróficos de perseguição
aos cristãos. Não admitirão que agredir objetos de cultos e símbolos do
cristianismo é uma ofensa, pois isso é reconhecer o próprio Deus. O único Deus.
Ao reconhecê-lo, há naturalmente um desnudamento de nossas próprias mazelas,
nossas desgraças, nossos pecados. Os homens estão demais repletos de si para
reconhecerem seus erros.
Combater
os ataques ao cristianismo é valorizar e preservar os preceitos, as crenças do
povo que professa essa fé, porém, se tudo o que aspiram é destruí-la - pois ela
é o último e mais importante esteio moral que sustem a humanidade impedindo que
decaia profundamente - e assim, construir uma nova sociedade, sem norteadores
morais onde tudo é permitido, sobretudo atacar o Criador. Recorde-se as
palavras de Jesus: No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu
venci o mundo. Não importa que negligenciem a atenção aos crentes em Jesus por
todo o mundo, importa que o evangelho seja pregado e que Cristo retorne com
todo o seu Poder e Glória para levar consigo os que permaneceram fiéis, e
julgar a cada um conforme suas obras.
A indicação de leitura hoje é o
livro "A Cristofobia no Século XXI: Entendendo a Perseguição aos Cristãos no
Terceiro Milênio", de Daniel Torres. Deus vos abençoe.
Amanda
Rocha é professora e escritora
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