Nunca vivi 100 dias exclusivamente dentro de casa, nunca mesmo, na minha vida toda.
100 dias com a Lau aqui em casa, algo absolutamente inédito, pois, embora casados há 42 anos, nunca tão juntos num período longo como este.
100 dias sem ver minha mãe e meu único irmão vivo hoje.
100 dias nos quais só vi meus filhos, Carol e Filipe, minha nora Mayte e meu neto, Arthur, de longe três ou quatro vezes, sem nos tocar, o que pra nós, é um prejuízo incalculável.
100 dias sem ver e quase sem conversar com familiares.
100 dias sem ver amigos com os quais semanalmente nos encontrávamos pra um Café & Prosa.
100 dias sem encontros presenciais com tantos queridos e queridas cujas vidas me são caras, gente de todos os lugares, gente diferente, gente boa, gente linda, gente...
100 dias sem ver e conversar com balconistas e meus amigos das padarias, bares e lugares públicos onde encontro pessoas, sim, pessoas, combustível pra minha vida.
100 dias de saudades de gente.
100 dias sem abraços.
100 dias sem prosas longas.
100 dias sem caminhar livre, seguro, saudável, em silêncio, orando, falando comigo mesmo, contemplando tudo que vejo pela frente, no entorno, ouvindo sons, saboreando o ar livre.
100 dias de BENDITA HORA DE ORAÇÃO que é minha principal e mais significativa reunião que faço nas redes sociais, é, 100 noites que, às 21h30, reuno-me com todos que aparecem pra orarmos juntos.
100 dias cumprindo uma agenda virtual e buscando fazer dos encontros virtuais, encontros com significados, carregados de afeto, ternura, amor e sincero desejo de servir, mesmo virtualmente.
100 dias que estão cravando no meu coração, na minha alma, no meu espírito e até no meu corpo marcas que jamais esquecerei e de mim jamais sairão.
100 dias ainda inexplicáveis.
100 dias tentando responder o que virá.
100 dias de choro, sim, choros diários a cada noticia de morte.
100 dias tentando reagir aos ciclos de ódio, violência, preconceitos e exclusão numa sociedade que vive sendo incentivada a se desumanizar.
100 dias de desinformações, desencontros, negacionismos em todas as esferas da vida.
100 dias aguardando o surgimento de uma combinação medicamentosa que cure e a descoberta de uma vacina que previne.
100 dias de luto.
100 dias.
Que o Senhor nos leve para o outro lado deste vale da sombra da morte e que a bondade e a misericórdia nos encontre a todos.

Carlos Bregantim é escritor
100 dias com a Lau aqui em casa, algo absolutamente inédito, pois, embora casados há 42 anos, nunca tão juntos num período longo como este.
100 dias sem ver minha mãe e meu único irmão vivo hoje.
100 dias nos quais só vi meus filhos, Carol e Filipe, minha nora Mayte e meu neto, Arthur, de longe três ou quatro vezes, sem nos tocar, o que pra nós, é um prejuízo incalculável.
100 dias sem ver e quase sem conversar com familiares.
100 dias sem ver amigos com os quais semanalmente nos encontrávamos pra um Café & Prosa.
100 dias sem encontros presenciais com tantos queridos e queridas cujas vidas me são caras, gente de todos os lugares, gente diferente, gente boa, gente linda, gente...
100 dias sem ver e conversar com balconistas e meus amigos das padarias, bares e lugares públicos onde encontro pessoas, sim, pessoas, combustível pra minha vida.
100 dias de saudades de gente.
100 dias sem abraços.
100 dias sem prosas longas.
100 dias sem caminhar livre, seguro, saudável, em silêncio, orando, falando comigo mesmo, contemplando tudo que vejo pela frente, no entorno, ouvindo sons, saboreando o ar livre.
100 dias de BENDITA HORA DE ORAÇÃO que é minha principal e mais significativa reunião que faço nas redes sociais, é, 100 noites que, às 21h30, reuno-me com todos que aparecem pra orarmos juntos.
100 dias cumprindo uma agenda virtual e buscando fazer dos encontros virtuais, encontros com significados, carregados de afeto, ternura, amor e sincero desejo de servir, mesmo virtualmente.
100 dias que estão cravando no meu coração, na minha alma, no meu espírito e até no meu corpo marcas que jamais esquecerei e de mim jamais sairão.
100 dias ainda inexplicáveis.
100 dias tentando responder o que virá.
100 dias de choro, sim, choros diários a cada noticia de morte.
100 dias tentando reagir aos ciclos de ódio, violência, preconceitos e exclusão numa sociedade que vive sendo incentivada a se desumanizar.
100 dias de desinformações, desencontros, negacionismos em todas as esferas da vida.
100 dias aguardando o surgimento de uma combinação medicamentosa que cure e a descoberta de uma vacina que previne.
100 dias de luto.
100 dias.
Que o Senhor nos leve para o outro lado deste vale da sombra da morte e que a bondade e a misericórdia nos encontre a todos.
Carlos Bregantim é escritor
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