Educação continuada pressupõe a capacidade de dar vitalidade às
competências, às habilidades, ao perfil das pessoas
O fato de nunca
sabermos tudo, ao mesmo tempo e de todos os modos, não significa que
nada saibamos. A clássica frase socrática "só sei que nada
sei" indica mais a humildade de saber-se individualmente
ignorante em quase tudo do que declaração de incapacidade absoluta.
Certa vez, fui
perguntado como trataria a educação corporativa se fosse líder de
uma empresa. A educação corporativa seria uma questão prioritária,
mas não exclusiva. Afinal de contas, uma empresa precisa ter
sustentabilidade de sua lucratividade, rentabilidade, produtividade e
competitividade. A sustentabilidade nesses quatro tópicos advém de
uma série de fatores: competência que ela desenvolve dentro do
mercado, o tipo de produto com o qual ela lida, a capacidade de
planejamento estratégico, mas depende também essencialmente do modo
como ela maneja o estoque de conhecimento que dentro dela atua, que
está exatamente nos colaboradores. Hoje, o trabalho das pessoas não
pode mais ser entendido como commodity. Por isso, eu, se presidente
de uma empresa fosse, faria da formação continuada algo
prioritário, porque é nisso que se dá hoje a diferenciação que
se refere ao conjunto das organizações.
Essa educação
continuada pressupõe a capacidade de dar vitalidade à ação, às
competências, às habilidades, ao perfil das pessoas. E isso, entre
outras coisas, traz uma multiplicidade de elementos, desde
treinamentos até cursos de formação e especializações. E também
a formação da sensibilidade, que é uma coisa central atualmente no
mundo do trabalho, isto é, a facilitação de atividades que
envolvam a sensibilidade estética no campo da música, da poesia,
das artes plásticas, de maneira que aquele ou aquela que atue em uma
empresa tenha inclusive um prazer grande pela estrutura de
conhecimento em seus múltiplos níveis.
Há uma discussão
nesse ponto, em que alguns argumentam que o fato de a empresa
investir em cursos não significa necessariamente que ela vai estar
mais bem preparada. Teria de ter aplicabilidade. Eu digo que a
relação não é direta. Mas o inverso é direto. Isto é, investir
em cursos, em formação, não significa que a empresa estará mais
bem preparada porque não é automático. O contrário é automático:
não investir na formação implica uma perda significativa de
competência e da qualidade. Há uma clássica frase que diz: "Se
você não acredita que educação é um bom investimento, tente
investir em ignorância".
Por fim, hoje no
mundo do trabalho, fala-se menos na formação de um generalista e
mais na formação de um multiespecialista. Não se trata apenas
apenas de uma diferenciação de linguagem. É menos uma pessoa que
esteja voltada para uma visão genérica das coisas, mas aquele ou
aquela que ganha autonomia para construir uma nova competência.
Mário Disnard é professor, com graduação em História e Gestão em Recursos Humanos. Possui pós-graduação em Gestão do Capital Intelectual e Coordenação Pedagógica. Foi Articulador da EJA da Prefeitura Municipal de Caruaru. Tem experiência na área de Administração. Foi coordenador do Fórum Estadual de Educação de Jovens e Adultos biênio 2014/2016, Foi vice-presidente dos Conselhos Municipais de Assistência Social e Direitos da Criança e do Adolescente de Caruaru. Participou da Construção do Plano Municipal de Educação de Caruaru. Pesquisador em EJA com publicações Nacionais e Internacionais. Em 2020 lançará o livro com a mesma temática do trabalho apresentado em Portugal pela editora Appris.
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