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Opinião Construtiva | Desconstrução dos princípios de uma cultura violenta – por Mário Disnard

 As consequências políticas desta distinção fenomenológica entre violência e agressividade são importantes. Como já antecipamos, os animais são naturalmente agressivos, mas não são violentos porque não tem intencionalidade de significar sua significativa é condição necessária para que um ato agressivo (que pode ser instintivo ou pulsional) se transforme em violência. Só o mal. A significação intencional transforma a agressividade em violência, mas a agressividade intencional só pode ser caracterizada como violência quando destrói total ou parcialmente a alteridade do outro ser humano. Por isso a violência afeta diretamente á justiça, mas não a justiça do direito senão a justiça ética.

A segunda conclusão importante a extrair da distinção entre agressividade e violência é que a agressividade e violência é que a agressividade sim é natural, mas a violência não. A agressividade está associada ao impulso de sobrevivência de todas as espécies, inclusive tem muitas funções positivas, quando bem canalizada, para o desenvolvimento da vida humana. Porém a violência traz consigo sempre a destruição, total ou parcial, da vida humana. Sem isso não seria violência. A agressividade é compulsiva e sua função é preservar aspectos vitais da existência de cada indivíduo. A violência é uma agressividade significada estrategicamente como meio para consecução de um fim. A violência significa a agressão à vida do outro como tática intencional para uma finalidade preconcebida. Por isso todos os animais agressivos, porém só o ser humano pode ser violento. Só o ser humano tem a capacidade hermenêutica de significar intencionalmente sua agressividade para a destruição do outro, segundo um fim preestabelecido pela própria racionalidade. Do que se conclui que toda violência se constrói sempre a partir de uma racionalidade instrumental que faz da vida do outro um instrumento na lógica de meios e fins.

A significação intencional só acontece no ser humano porque ele é o único ser vivo que pode tomar uma distância consciente de suas próprias pulsões e do mundo que habita. O poder de distanciamento constitui e institui a experiência da alteridade. Sem alteridade o ser humano não seria qualitativamente diferente de outros animais. Porém a experiência da alteridade emerge nele fraturando-o o ser humano é um ser fraturado entre a experiência de si e a distância da alteridade que se apresenta para ele como o outro a quem tende inexoravelmente.

Sem a fratura interior não haveria distanciamento do mundo nem experiência da alteridade; sem alteridade não seria possível a constituição da subjetividade e como consequência não existiria o ser humano como nós o conhecemos. Sem a dimensão da alteridade o ser humano continuaria imerso no mundo das pulsões incapaz de distanciamento da sua natureza, como ocorre com os outros animais. A alteridade introduz a possibilidade do distanciamento das pulsões e como consequência a potência para significa-las intencionalmente.

Finalizando a distinção, ainda que implícita, que agressividade e violência propiciou ao longo do tempo que alguns pensadores percebessem uma dimensão criativa e até construtiva na agressividade humana, sempre e quando ela seja direcionada para objetivos humanizadores, objetivos de paz, não violentos.



Mário Disnard é professor, com graduação em História e Gestão em Recursos Humanos. Possui pós-graduação em Gestão do Capital Intelectual e Coordenação Pedagógica. Foi Articulador da EJA da Prefeitura Municipal de Caruaru. Tem experiência na área de Administração. Foi coordenador do Fórum Estadual de Educação de Jovens e Adultos biênio 2014/2016, Foi vice-presidente dos Conselhos Municipais de Assistência Social e Direitos da Criança e do Adolescente de Caruaru. Participou da Construção do Plano Municipal de Educação de Caruaru. Pesquisador em EJA com publicações Nacionais e Internacionais. Em 2020 lançará o livro com a mesma temática do trabalho apresentado em Portugal pela editora Appris.

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