Pular para o conteúdo principal

O que se aprende na igreja? - Por Cláudio Marra

A história do povo de Deus mostra que, em seus melhores momentos, a igreja foi um lugar de ensino.

Quando Israel se aproximou de Canaã, a lei foi repetida e Moisés deixou clara a importância de ela ser ensinada às futuras gerações (Dt 6.1-9). O processo educativo seria fundamental para a preservação da identidade, da fé e da cultura em Israel.

Além dos pais, o Senhor responsabilizou também os sacerdotes e os anciãos de Israel pela transmissão da lei (Dt 31.12-13).

Os israelitas, porém, foram abandonando o ensino da lei aos seus descendentes (Dt 5.24-29; 11.19). As gerações seguintes não conheciam seu Deus, nada sabiam de suas palavras e atos em favor de Israel e passaram a servir outros deuses (Jz 2.10-11). Uns poucos reis e profetas tementes a Deus esforçaram-se para promover o ensino da lei.

Foi o que fez Josafá, que enviou príncipes, levitas e sacerdotes para ensinar o povo (2Cr 17.7-9). Ezequias restaurou a contribuição aos sacerdotes e levitas, “para que pudessem dedicar-se à lei do Senhor” (2Cr 31.4). Seu bisneto Josias redescobriu a Lei e em seus dias os levitas “ensinavam a todo o Israel” (2Cr 35.3). Um dos mais notáveis líderes de Judá pós-cativeiro foi Esdras, o sacerdote e escriba que “tinha disposto o coração para (...) ensinar em Israel os seus estatutos e os seus juízos” (Ed 7.10).

Quando a maioria das famílias parou de ensinar a Lei aos seus filhos, líderes tementes a Deus pensaram em uma alternativa para continuar o ensino da Lei para as novas gerações, o que resultou nas sinagogas. Esse era o sistema adotado na sociedade judaica na época de Jesus. A sinagoga era o centro de estudo da Lei, Jesus a frequentou regularmente e ensinou lá (Lc 4.16-21). Paulo, o apóstolo, igualmente tirou vantagem das oportunidades que as sinagogas ofereciam (At 17.1-2), porém, a igreja cristã promoveu o ensino da Palavra em suas próprias reuniões (At 2.42; 11.26; 13.1;), sendo a aptidão para ensinar uma das exigências para os candidatos ao presbiterato (1Tm 3.2; 5.17; 2Tm 4.2; Tt 1.9; 1Pe 1.22-25).

Nos primeiros anos da igreja cristã, surgiu a catequese integrada ao ensino nos lares e à adoração comunitária (At 20.20; 1Tm 4.13). Já no segundo século havia as escolas de catequese, com ensino avançado para futuros líderes. Vários deles associaram seu nome ao ensino na igreja: Justino Mártir (100-165), Irineu de Lião (130-200), Clemente (150-215), Gregório o Iluminador (240-332), João Crisóstomo (347-407), Agostinho de Hipona (354-430), Gregório Magno (540-604), entre outros. O sexto Concílio de Constantinopla (c.680) decretou que escolas deveriam ser estabelecidas para ensinar o cristianismo em pequenas localidades.

A Idade Média viu a Renascença Carolíngia no século oitavo, sob a liderança de Alcuíno (735-804); a dedicação dos Dominicanos ao ensino; e o reavivamento do ensino nos séculos 10 e 11.

A Reforma ocasionou a maior das revoluções no ensino, provavelmente por causa da sua insistência no ensino como um componente crítico do trabalho do pastor. Martinho Lutero enfatizou a centralidade da instrução doméstica. Philipp Melanchthon sugeriu que um dia por semana deveria ser separado para a instrução religiosa e estabeleceu escolas similares à futura Escola Dominical. João Calvino insistia que os pastores eram mestres da fé e exigia que aprender a ensinar fizesse parte do treinamento deles.

O século 17 testemunhou a contribuição dos puritanos e a de Jan Amos Comenius (1592-1670), que via a educação como sendo o melhor meio para a glorificação de Deus. A Bíblia não apenas ocupava lugar central no currículo puritano, mas era também o modelo adotado por eles para avaliar as outras disciplinas. O século 18 viu um grande esforço em favor do ensino no ministério de John Wesley (1703-1791).

As igrejas adotaram a Escola Dominical e passaram a alcançar crianças e adultos de diferentes níveis sociais, e não apenas crianças carentes. Até ali, o ensino na igreja, além das pregações, apoiava-se em um sistema de instrução privada e de visitação às famílias por parte do pastor e dos presbíteros, com a catequese sendo conduzida nas casas. Esse modelo resultou da Reforma do século 16 e foi trazido para as colônias americanas pelos puritanos e outros imigrantes da Europa. No século 19 a Escola Dominical já era quase universalmente aceita entre os evangélicos.

A pregação da Palavra nos cultos e o ensino da Escritura na Escola Dominical foi o modelo trazido ao Brasil por metodistas, congregacionais, presbiterianos e batistas, pioneiros na pregação do evangelho neste país, seguidos de outros irmãos.

Essa história exibe de modo claro o lugar do ensino na igreja, tal como a entendemos.


Casado com Sandra, é jornalista, pastor presbiteriano e editor da Cultura Cristã.

Fonte: Ultimato

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Jovem de Catende-PE participa da 42ª Jornada de Foguetes no RJ

  Sexta-feira (25/08), o jovem catendense de 15 anos, Jazon Miranda Velozo da Silva, estudante do (IFP), Instituto Federal de Palmares estará levantando voo com sua equipe para o Rio de Janeiro, onde irá competir nacionalmente na 42ª Jornada de Foguetes. Ex-aluno do Ginásio Municipal José Eugênio Cavalcante em Catende, Jazon Miranda se sente orgulhoso com a oportunidade. "Meus pais ficaram felizes e me apoiaram, incentivaram para participar da jornada de lançamento de foguetes. Me sinto vocacionado para ser um futuro astrônomo", disse o promissor talento catendense. Colaboração: Fábio Santana.

CONVITE - UPH CATENDE

  A União Presbiteriana de Homens (UPH) da igreja evangélica Presbiteriana de CATENDE tem a sublime honra de convidar os irmãos, seus familiares, amigos e o povo em geral para a festa de aniversário em comemoração aos 59 anos da (UPH), cujo tema será " Igreja na Contramão do Mundo".

UNINASSAU oferece atendimento odontopediátrico

  O UNINASSAU - Centro Universitário Maurício de Nassau, em Caruaru, por meio do curso de Odontologia, promove, atendimentos especializados em saúde bucal durante todo o semestre letivo em sua Clínica-Escola. Os estudantes realizam o atendimento ao público sob a supervisão dos professores e dos preceptores. Além de consultas para os adultos, as crianças também são beneficiadas com procedimentos simples, como limpeza, aplicação de flúor e orientações de higiene bucal, até os mais complexos, que incluem, cirurgias, extração, restauração e odontopediatria em geral. O coordenador do curso de Odontologia da Instituição, Cícero Feitoza, destaca que os atendimentos para o público infantil têm uma preparação especial. “Para ajudar as crianças a compreenderem a importância de manter em dia a saúde bucal, nossa equipe junto aos estudantes, no dia do atendimento, prepara o ambiente com brinquedos, bonecos e escovódromo para conscientizar os pequenos de uma maneira lúdica a manter os dentes sem