Tenho viajado no trem do tempo margeando rios, acompanhando o barquinho de papel colocado no riacho da minha infância.
Às vezes abro os olhos do meu coração, e me vejo deitado no teu colo no banco da praça da Matriz, onde alimentávamos nosso doce amor com o néctar tirado das flores, assim como faz o beija-flor com as orquídeas.
Sabe, ainda acho que você está lá esperando por mim. Quanto mais minha viagem se aproxima do mar não consigo sair daquele Rio que em finais de tarde na areia construímos nossos castelos, e depois deitávamos para esperar a lua chegar.
Sigo minha viagem em lua de mel com as lembranças desse infinito amor que cuida de carregar nossas histórias em malas bem guardadas dos nossos tempos partidos.
Por todo esse tempo, venho me perguntando: onde está o velho padre que via nos nossos beijos a beleza de um divino amor? E a nossa professora de português? Que não se cansava de recitar poemas shakespearianos, depois olhava para nós dois e dizia: que o amor seja eterno.
Ainda lembro, das longas badaladas do sino da Matriz, quando levava nossos entes queridos pela Rua da Saudade até o Cemitério da Sagrada Família. Mas também é forte a lembrança dele em seus ecos verdadeiras sinfônica divina quando chamava toda a cidade para o início da Missa. A saudade me colocou dentro da igreja e me fez um feliz Sineiro.
Como era gostoso nos encontrarmos nos finais de tarde na Praça Coração Eucarístico com os outros colegas, quando saíam do Santa Terezinha, Costinha e Ginásio Municipal. Aproveitar os últimos raios de luz do dia, até todos os pardais terem voltados para a Árvore da Vida, e a Voz de Catende, anunciar a Hora do Angelus.
Mas, onde está você agora? Será que está olhando para aquela estrela que escolhemos para ser o ponto de encontro do nosso amor? Estou com uma sensação que ela pode ser você e me segue como uma estrela-guia por toda minha vida.
Marcos Carneiro Xhepa é escritor catendense
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