Se as minhas palavras chegassem aos seus ouvidos, você saberia que o
brilho dos seus olhos ilumina minha vida e que o seu sorriso é um
bálsamo para a minha alma.
Se você não me negasse
alguns minutos do seu tempo, teria sensibilidade para compreender que
gaguejo quando tento abrir os portões do meu ser para outra pessoa,
mas isso não a impede de entrar.
Se seus
olhos me enxergassem, você me consolaria quando eu lhe dissesse que,
por ter consciência de que sou apenas pó, me
envergonho de mim mesmo. Quero fugir das minhas limitações.
Anelo viver uma noite eterna, repudio a chegada do amanhecer.
Se
meus convites implorando uma esmola de atenção tivessem
sido atendidos – pelo menos por uma vez – eu não
teria de guardar para mim mesmo a tristeza do não-ser, a
saudade de um sonho, nem o riso que foi abortado da minha
face fértil de lágrimas.
Se você
quisesse dividir um pouco das angústias de sinto, o vazio
que me enche poderia ter se esvaído e dado lugar para um
mar de ternura.
Se você me ouvisse por
uma vez, desenvolveria o dom de entender meu silêncio.
Não gosto de jogar frases ao vento. Falo apenas o que
considero importante – mesmo sabendo que, muitas vezes, minhas
falas ficam presas no ar, aguardando quem as entenda...
Texto:
Jénerson Alves
Imagem: Os Amantes, de Renoir
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