Já há muitos anos se noticia o distanciamento entre os níveis de qualidade na educação privada e na escola pública. Esse abismo está aumentando, conforme se verifica historicamente nas publicações dos resultados do PISA*.
Aqui em Caruaru, por exemplo, não é incomum anualmente, que o Colégio Diocesano ostente orgulhoso inúmeros alunos aprovados em medicina, direito, engenharias e em outros cursos concorridos nas mais tradicionais universidades públicas do estado. Assim também ocorre em outras cidades pelo Brasil afora.
Também não é incomum que, quando um aluno de uma escola pública passa num desses cursos, seja anunciado e alardeado pela imprensa como algo extraordinário: afinal, realmente é excepcional (ou seja, exceção) que alunos de escolas públicas conquistem vagas em cursos mais concorridos.
Muito se justifica que a causa desta discrepância seja a falta de investimento dos governos na educação, em especial, a educação mais básica.
Esta alegada "falta de investimento" acaba sendo o mote para que esse montante seja todo (ou em grande parte) destinado (adivinhem) ao pagamento dos próprios servidores que replicam esta narrativa, sem a devida contrapartida prévia.
Resumidamente, se você não pegou o gancho, é "a educação pública no Brasil é ruim porque ganhamos pouco" ou, como dedução, "a educação privada é melhor que a pública porque eles têm mais dinheiro".
Há três pontos a mencionar aí nesta lógica:
(A) Se é verdade que "só é ruim porque precisamos de mais dinheiro", então não há incentivos para o ruim melhorar... porque MANTER-SE RUIM sempre vai ser argumento para PEDIR MAIS DINHEIRO. Basta que NUNCA melhore para que haja justificativa para SEMPRE pedir mais dinheiro.
(B) Injetar mais dinheiro numa educação que É RUIM na esperança de que ela SE TORNE BOA por causa deste dinheiro é, em poucas palavras, uma APOSTA. É premiar quem está (ou é) ruim na vã esperança de que ela se torne boa (se tivermos sorte).
(C) Há muitos (sim, MUITOS) casos em que professores ganham MAIS na rede pública que na rede privada e, mesmo assim, seus alunos nas escolas privadas se saem melhor em médio e longo prazo... Este ponto, em especial, é A REALIDADE atropelando a narrativa.
Com este texto, eu NÃO ESTOU DIZENDO que a educação no Brasil tem dinheiro de sobra, ou que se investe o suficiente, ou que o estado já está pagando tudo o que pode. A questão aqui não é QUANTO, mas COMO e, mais importante, PARA QUE o investimento é feito.
FALTAM INCENTIVOS (certos) para a educação pública melhorar. Incentivos que professores, funcionários e escolas da rede privada conhecem bem. Vamos elencar alguns deles no intuito de, quem sabe, abrir um pouco a sua mente para aquilo que acredito ser um possível conjunto de providências interessantes.
Mas isto, meu amigo leitor, minha amiga leitora, é assunto para outro dia... meu próximo texto virá em breve.
Fique com Deus,
João Antonio é professor há mais de 25 anos.
*PISA é o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, realizado a cada 3 anos, pela OCDE. Ele testa conhecimentos de Linguagem, Matemática e Ciências.
Comentários
Postar um comentário