O brasileiro é um grande fã de programas de rádio, e os mais antigos nem se fala, pois mesmo sem saber quem é a pessoa por traz daquela voz prazerosa, se inebria durante aquele momento, mesmo que seja para ouvir: músicas, notícias, comerciais ou jogos de futebol.
Era o caso de Nestor, homem rude do interior, que tinha a sua rádio preferida e seu programa do coração — “O BANDEIRA DOIS”, com Gino César, porém reclamava muito do rádio que estava com o som muito ruim.
Certo dia em um almoço em família para comemorar o dia dos pais, presentearam o velho com um belo rádio, a alegria de Nestor estava evidente no seu semblante, mesmo com aquela cara sempre fechada. Mesmo assim, fez questão de agradecer o presente, “obrigado família!” Agora posso assistir sem interferência ao “BANDEIRA DOIS”. Todos se entreolharam, e uma das filhas falou — “Papai, o programa com Gino César acabou há mais de um mês, não sabia? Ele faleceu”. O velho vociferou — “É mentira, pois continuo escutando o programa dele todos os dias”.
Foi a partir daí que os filhos começaram a entender o porquê daquele senhor continuar usando o velho rádio que já não mais tocava, apenas no seu subconsciente era possível escutar a voz do locutor.
Mas o que chamou a atenção dos filhos foi que todos por uma boca só sempre escutaram a voz do locutor quando passavam pela porta do quarto de Nestor. A pergunta era uma só, se papai não tinha gravado os programas e nem tinha como o rádio está quebrado e, Gino César havia morrido. Então como explicar um mês de programa após a sua partida?
Conclusão, o velho não estava senil e muito menos louco, pois sim assim o considerasse, todos da família estariam aptos a um tratamento. E não tiveram dúvidas, jogaram os dois rádios fora e mandaram o velho de volta para o interior, pois de loucura já bastava o dia a dia, e se for de outra dimensão, é pior ainda.
Emanoel Correia (emaco/janeiro2023)
Foto: desenho/emaco2023
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Por: Zeca Ribeiro
Técnico em saneamento ambiental. Catende-PE.
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