Entre os 65 dias de festa no São João de Caruaru, duas datas ganham atenção especial por uma grande parcela da população: as chamadas ‘Noite Gospel’ e ‘Noite Católica’, que, neste ano, ocorreram em 08 e 15 de junho, respectivamente. Em ambas as ocasiões, o Pátio de Eventos tornou-se cenário de multidões de fiéis, que foram até o local para prestar louvores a Deus. Os dois eventos contaram com as presenças de nomes conhecidos nacionalmente. A programação evangélica teve cantores como Anderson Freire e Aline Barros; já os católicos receberam Frei Gilson e o padre João Carlos.
Olhando em perspectiva, pode-se afirmar que esses momentos são emblemas do atual momento da fé cristã na Capital do Agreste. Afinal, levar a expressão da fé para o espaço público do Pátio de Eventos ocorreu através de atos de coragem. No ambiente católico, o então bispo Dom Bernardino Marchió, com visão ampla, logrou esse espaço por volta de 2005; já no meio evangélico o primeiro evento no Pátio em plenos festejos juninos chamava-se Chama Viva e foi organizado por Jaelcio Tenório em 2011. Quando iniciaram, essas movimentações foram alvos de críticas por parte de diversos setores, religiosos e seculares.
Contudo, pela ótica cristã, os seres humanos não são os únicos agentes dos acontecimentos, de modo que todos sofremos influência do mundo espiritual. “A História é o palco das grandes intervenções de Deus, por meio do qual Ele manifesta sua graça ou seu juízo”, sintetiza o pastor presbiteriano Hernandes Dias Lopes. Em meio ao atual contexto mundial, em que a secularização, o materialismo e o neopaganismo batem à porta com veemência, os eventos retratados em Caruaru representam que a Palavra de Deus ainda aquece o coração de milhares de pessoas na cidade. Porém, a essência cristã está muito além dos eventos e se consolida na vida diária, “na comunhão, no partir do pão e nas orações” (At 2:42b).
Nosso desejo e nossa petição é que o número de cristãos, católicos e evangélicos, seja diretamente proporcional à sua qualidade, de modo que os frutos da fé sejam nítidos cotidianamente. Para tanto, lembro-me da observação do Papa Bento XVI: “Assim é a própria vida cristã: tecida de esperanças e perigos. O próprio cristão, como homem de esperança e como homem capaz de vencer os obstáculos, precisa ir ao encontro dos neopagãos, pois realmente o caminho da salvação, aceito ou não, é um só: Jesus Cristo, o Senhor”.

Jénerson Alves é professor, poeta, jornalista e cristão.
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