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Irmão Cícero na Igreja Batista Renovada, popularmente conhecido como Tim Maia de Lage Grande. |
Reportagem: Danilo Fortunato A. do Nascimento
Fotos do acervo particular do Senhor: Cícero Caetano da Silva
Nosso primeiro entrevistado é o Sr. Cícero Caetano da Silva, conhecido popularmente como Tim Maia de Lage grande. Natural de Catende e residente no Distrito de Lage Grande; sua história tem início na Zona rural de nosso Município (engenho Limeira) e depois “ganhou o Rio”: sendo jogador das categorias de Base do Bangu (juniores); ex-funcionário da Petrobrás; compositor de música Gospel e exercendo atualmente a função de: educador social, trabalho este que visa formar atletas de futebol e cidadãos. Nos seus 65 anos de vida, Tim Maia tem muito a nos contar sobre: grandes personagens do cenário carioca, os quais cito como exemplo: Ronaldo Nazário (pentacampeão pela seleção brasileira) e o famoso contraventor Dr. Castor de Andrade.
Em que ano e com qual idade o amigo foi para o Rio de Janeiro?
O que motivou o senhor a parar com o sonho de ser jogador profissional?
No dia 03 de abril de 1977 fui para o Rio de Janeiro com 18 anos, buscando uma oportunidade de vida melhor, visto que minha adolescência foi trabalhando no corte da cana-açúcar; uma realidade natural de nossa região. Neste período tive a oportunidade de ingressar nos juniores do Bangu (aprendi a ser um atleta, e todos os fundamentos que levo como técnico de futebol devo a essa escola), porém, à vida não é linear e acaba nos trazendo: surpresas desagradáveis, neste intervalo de tempo o meu único irmão faleceu sendo vitimado por um atropelamento; isso mexeu muito comigo e acabei desistindo da alegria no futebol, fui buscar outra fonte de renda fora das 4 linhas; mas meu amor pelo Bangu e Fluminense nunca foram abalados e segui com outros projetos pela graça do Bom Deus! Da minha ida a Bangu e retorno para Catende – vivi quase 20 anos em Bangu, um lugar maravilhoso! O qual guardo amizades e boas recordações; onde pude ir de Ipanema até a Barra da Tijuca; lhe digo que andar no Leblon não é algo restrito aos atores globais: o povão tem esse prazer!
Quais foram os melhores e piores momento no bairro de Bangu?
Os melhores momentos no Bairro de Bangu são diversos, eu não conseguiria lhe contar tudo porque daria um “livro”, tem muita coisa bonita… mas, irei trazer alguns fatos que me marcaram demais, fiz grandes amizades as quais tenho até a presente data; e isso se deu por construir uma popularidade e respeito perante a comunidade. Certo dia, sai com um dos meus sobrinhos para tomar uma cerveja, chegando no estabelecimento eu pedi um “Birinaite”, a partir daquela minha fala começaram a me chamar de “Birinaite” em toda rua Pierre Cúrie( no bar esquina com a rua Boibi) recebi este apelido carinhoso, nas adjacências dos bairros: Pires Rabelo; Barão de Capanema e Renato Rebeque o “birinaite” ganhou fama. Sempre me senti abraçado pelo banguense. O dolorido foi perder meu querido irmão, fato que já mencionei na primeira pergunta.
Quais as grandes figuras(personalidades) que o senhor conheceu no Rio de Janeiro?
O Rio de Janeiro é uma maravilha de Deus, que lugar bonito; praias belíssimas; um povo acolhedor e festivo, nesta minha passagem pelo Rio pude conhecer grandes figuras noticiadas: pelos jornais e revistas. Fui residente no Bairro de Bangu e conheci evidentemente o Dr. Castor de Andrade (presidente do Bangu Futebol Clube e da Escola de Samba Mocidade Independente de Pe. Miguel), era um senhor muito educado e simples; tenho essa lembrança em relação a ele. Certa feita eu estava diante do maior jogador da Argentina (Diego Maradona) nas minhas “andanças” na cidade maravilhosa, o homem da copa de 1986 estava ali, foi uma grande emoção que levo comigo. Há outras figuras de grandeza do cenário artístico que vou citar: Alcione (cantora), Grupo Molejo; André Mestre da bateria da Mocidade Independente Pe. Miguel, Neguinho da Beija (um grande compositor de sambas); e por fim: nada mais e nada menos que o Ronaldo Nazário, o famoso camisa 9... Ronaldinho Fenômeno, o qual na época treinava no São Cristóvão, digamos que ele foi revelado “com o jeitinho brasileiro”, jogador completo!
Como surgiu o amor pelo tricolor das laranjeiras?
Minha paixão pelo Fluminense começou por meio de uma grande equipe, a qual era sensação no futebol carioca e nacional na década de 80 (a dupla Assis e Washington em 84; Rivelino; Romerito Branco e tantos outros grandes jogadores), daí vem muitas saudades do meu Fluzão! Só para você ter ideia, um clássico carioca levava de 180 a 200 mil torcedores no Maracanã, o, Fla X Flu parava o Rio de Janeiro, era um espetáculo! Futebol arte, na minha singela opinião. Também vou lhe apresentar os estádios cariocas que tive prazer de conhecer: Moça Bonita (campo do Bangu); Maracanã; Estádio Bonsucesso; Estádio do Madureira; Marechal Hermes (campo do Botafogo); América de Vila Izabel; Macaé; Americano de Campos; Volta Redonda; São Cristóvão.
Outro detalhe: o Rio tem belezas naturais (praias) eu praticamente visitei todas!
Como foi trabalhar em Alto Mar, na Petrobrás? Quais os maiores ricos deste trabalho?
Antes de falar da minha passagem pela Petrobrás, eu preciso lhe dizer mais umas coisas sobre minha vida.
Eu fui criado sem pai, quem abraçou essa responsabilidade foi meu padrasto; minha educação foi até a 8° série do Ginásio, pelos motivos que respondi na primeira pergunta: larguei os estudos para buscar o pão através do campo, no corte da cana-de-açúcar; serviço braçal e muito pesado, hoje eu falo com a garotada para estudarem, focar na igreja e ouvir seus pais, pois a família é a primeira escola, meu caro entrevistador! Tive uma mãe maravilhosa que Papai do Céu guardou em 1996, sempre escutei seus conselhos. O que me fez ficar em Catende de vez: foi uma oportunidade no ano da partida de minha mãe; era o momento político e recebi uma oportunidade de trabalho a qual me fez permanecer em Catende, e acabei ficando (contudo, muitas empresas do setor de montagem de andaime tubular me mandavam telegrama para eu retornar para o Rio, sempre deixe às portas abertas pelo profissionalismo). Quando findava um contrato com alguma firma, o encarregado sempre requisitava para eu ser contratado, Graças a Deus sempre trabalhei com muito e dedicação seja aonde fosse, já exerci a função de Supervisor; era uma grande responsabilidade (mesmo sendo um contrato curto), porém, não reclamo da vida porque aproveitei da melhor forma possível, digo que na minha vida “tive altos e baixos”, embora não tenha riqueza material tenho algo maior: felicidade, um Deus vivo e poderoso e continuo trabalhando!
Quanto a questão da Petrobrás eu exercia a função de supervisor, uma galera muito bacana, alegria e trabalho! Tem uma reportagem do Globo Repórter de 1985, ela traz o cotidiano de quem trabalhava nesta grande empresa: o perigo do mar; os cuidados necessários para se houver um acidente (todos eram treinados para esse tipo de ocorrência, sem contar o uso de equipamentos de proteção individual, o Técnico em Segurança do Trabalho, engenheiros, etc.). Lá, tinha bastante comida, um espaço de lazer agradável.
Em 1989 montamos um palco em Curitiba para a campanha do então presidenciável: Fernando Collor de Mello; essa montagem foi na Arena da Baixada (foram 15 dias de trabalho, Curitiba é uma cidade belíssima), se você vai me permitindo eu vou colocando várias histórias aqui.
O senhor poderia dizer uma mensagem para a nossa juventude nesta parte final da entrevista?
Eu digo que sou agraciado por Deus! Hoje, apesar dos meus cabelos brancos (não são mais longos, rapaz eu tinha cabelo grande); estou nos caminhos do Senhor Jesus Cristo há um bom tempo (sou membro da Igreja Evangélica Batista Renovada); tive uma passagem no Mundo (me desviei do caminho, que pode acontecer com qualquer pessoa), embora isso ocorra, Deus tem um propósito na vida de todo aquele que crê na sua Palavra Santa e o adora em Espírito e verdade! Já recebi três vezes Moção de Aplausos pela: Casa José Manoel Soares (câmara de vereadores); sou respeitado pelos gestores que já exerceram o mandato no Poder Executivo catendense: são quase 30 anos prestando um trabalho social com bons frutos: há ex-alunos que estão ganhando o mundo através do futebol.
Neste último domingo estive juntamente com minha equipe disputando um troféu, um dos melhores atletas não conseguiu êxito e veio as lagrimas; é uma criança sendo compreensível seu choro… o que meu chamou a atenção foi o carinho do time adversário com esta criança, me aproximei dele ao lado da minha esposa e vi lágrimas, então eu disse a ele: ” não chore, Deus tem algo importante na sua vida! Ele está trabalhando na sua vida, você tem apenas dez anos”, em outras palavras, o que eu queria dizer: “nunca diga não há uma criança”! Temos de acreditar nelas; elas são o futuro, quando eu vejo estes jovens os tenho como filhos meus; Deus me deu essa alegria e iriei até onde puder – apoiar e preparar esta juventude para o futuro! Para findar essa entrevista deixo além do meu testemunho de vida, também mostro a letra de um hino de Louvor ao Senhor Jesus.
Meu Jesus está voltando
Meu Jesus está voltando e Ele não tarda a chegar
Sabemos que essa igreja Jesus Cristo vai levar
O Apocalipse já chegou não temos tempos a esperar
Jesus Cristo é Poderoso e só Ele pode Salvar
Ô meu Jesus Cristo!Eu nunca vou te abandonar
Aonde eu estiver teu Nome sempre eu vou louvar (Refrão)
Vem meu Jesus, estou pronto a te esperar! Sei que a minha salvação e só ti que vai me dar, venha logo, vem correndo só em ti que eu confio...não me deixes indeciso – meu Jesus estou contigo.
Ô meu Jesus Cristo!Eu nunca vou te abandonar
Aonde eu estiver teu Nome sempre eu vou louvar (Refrão)
Letra : Cícero Caetano da Silva
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Entrevista ao Globo Reporter, 1985 sobre a Plataforma da Petrobrás Enchova. 0 Link da reportagem segue ao lado: https://www.youtube.com/watch?v=m_xBBJHYrEk |
Colaboração:
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