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Entendendo a vitória de Donald Trump e do partido Republicano - por Fernanda Brandão

 Após uma corrida eleitoral apertada, o partido epublicano parece, até o momento, ter sido o principal vencedor dessa disputa. Além da eleição de Donald Trump, o partido está perto de assegurar a maioria nas duas casas do Congresso americano. As pesquisas eleitorais mostravam uma disputa acirrada e um empate técnico entre os dois candidatos. O resultado final até o momento parece que não será tão apertado quanto o projetado pelas pesquisas, com Trump vencendo na maioria dos “swing states” ou estados-pêndulo.

 

Até o momento, as análises apontam para uma vitória de Trump entre diversos grupos populacionais como latinos e um engajamento das mulheres a favor de Kamala Harris menor que o esperado. Acreditava-se que a questão dos direitos reprodutivos seria capaz de mobilizar as mulheres para votar em massa na candidata democrata à presidência. Apesar do discurso anti-imigração e da

promessa de uma grande operação de deportação de imigrantes ilegais, Trump teve uma performance acima do esperado no eleitorado latino, principalmente entre os homens.

 

Apesar da diferença ideológica entre os dois candidatos e das propostas muito diferentes em termos de projeto de país e de engajamento internacional, o que provavelmente explica a significativa vitória de Trump é a economia. A percepção do eleitorado americano de que a economia americana não estava sendo bem gerida foi refletida nos baixos índices de aprovação do governo Biden nos

últimos meses. Historicamente, governos mal avaliados têm poucas chances de conseguir a reeleição ou de eleger o candidato do mesmo partido em um pleito eleitoral e essa tendência pôde ser novamente observada nas eleições americanas.

 

Predomina no eleitorado americano a percepção de que a economia americana está indo mal, principalmente por causa da inflação, sobretudo sobre o preço das habitações, e uma percepção de aumento do desemprego. Em termos estatísticos, houve um aumento das vagas de emprego no setor industrial durante o governo Biden e a alta inflação também é explicada pela aceleração da atividade econômica do país. Porém, a perda do poder de compra resultante do processo inflacionário afetou negativamente a percepção da população americana sobre a economia do país.

 

Em termos de política econômica, Trump afirma que a deportação em massa de imigrantes ilegais vai ajudar a reduzir os custos de moradia no país. Ele também promete aumentar as tarifas de importação sobre bens oriundos da China e de outros parceiros comerciais dos Estados Unidos, diminuindo o déficit comercial e aumentando a quantidade de vagas de emprego no país, além de prometer acabar com a inflação. O aumento das tarifas certamente vai afetar o custo final de diversos bens nos EUA levando ao aumento do custo dos mesmos. Além disso, os países que sofrerem a imposição de tarifas certamente devem retaliar comercialmente os EUA em alguma medida, o que pode gerar mais pressão sobre os preços dos bens no país.

 

Apesar dos apelos ideológicos, no fim do dia, o que realmente motiva o eleitor a sair de casa e votar é a sua percepção sobre a situação econômica do país e seu bem-estar. A avaliação negativa do governo Biden em torno de questões econômicas parece ser um dos principais fatores explicativos para a derrota de Kamala Harris nas urnas.






Fernanda Brandão, coordenadora de Relações Internacionais da Faculdade Mackenzie Rio
 

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